| 17/09/2008 11h52min
A crise dos bancos norte-americanos pode resultar em aperto na obtenção de crédito e na liquidez do mercado interno também no Brasil. Investidores internacionais estão retirando recursos investidos em petróleo, metais e produtos agrícolas, derrubando os preços dessas matérias-primas.
Como em períodos anteriores de crise de liquidez, o objetivo dos fundos de investimento é usar a rentabilidade das posições em commodities para cobrir rombos em papéis sem valor ou adquirir ativos mais seguros, como dólares ou títulos da dívida do governo americano.
– Os investidores estão mais ariscos em relação a outros tipos de risco, que não os classificados como prime, como títulos do governo americano – disse o analista da BDO Trevisan, Marcio Pepe nesta quarta, dia 17, ao Agribusiness Online.
Com isso, explicou Pepe, empresas que dependem de crédito para investimentos ou rolagem de dívidas ficam em uma situação mais complicada, porque o chamado prêmio de risco a ser pago pelos bancos com papéis emitidos no exterior fica mais caro.
– Bancos brasileiros que têm papéis emitidos no exterior vão passar por esse tipo de situação. Vai ser um pouco mais difícil a rolagem da dívida. Não é algo impossível. Essa dificuldade se dá em função do aumento do prêmio de risco que os investidores vão pedir e esse risco vai ser passado para os tomadores aqui no Brasil – acrescentou.
O analista de BDO Trevisan explicou ainda que, como os bancos compensam essa alta no prêmio de risco com operações de comércio exterior, o problema do crédito pode ter reflexos no financiamento de importações e exportações, que também deve ficar mais caro.
Crescimento
O principal impacto sobre as metas de crescimento do país, de acordo com Márcio Pepe, deverá ocorrer nos últimos três meses do ano, com um crescimento não tão expressivo quando o que foi registrado em períodos anteriores. O efeito negativo poderá ser reduzido pelo comércio aquecido no fim do ano, com as compras para as festas.
– A própria demanda produtiva com relação à formação de estoques por parte da indústria e do comércio para atendimento das compras de Natal. Pode haver uma compensação, mas, efetivamente, o impacto nesse último trimestre não vai ser tão grande quanto o crescimento que viemos apresentando até agora.
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