Depois de desocupado pela Ford, o imóvel dos Buatim chegou a servir de ginásio para os Jogos Abertos de Joinville, mas foi a rodoviária a primeira função a realmente se estabelecer no local pós-comércio. Hoje, é quase impossível imaginar o embarque e desembarque de passageiros em plena movimentação do Centro de Joinville, ainda mais ocupando parte de uma via como a Max Colin - em 1971, a cidade tinha pouco mais de 120 mil habitantes.
A mudança da rodoviária para um prédio alugado foi uma medida temporária da Prefeitura. Até aquele ano, o serviço de transporte intermunicipal e interestadual atendia na rua Princesa Isabel, esquina com a rua do Príncipe, em uma construção de 1923, conhecida como Edifício Eugênio Lepper, que continua de pé. Foi a última casa da rodoviária antes da mudança definitiva para o bairro Anita Garibaldi, mais próximo à BR-101.
Por dois anos, os ônibus estacionaram na rua Max Colin para chegada e partida de passageiros. E não havia muitas filas de veículos: além do fato de o trem disputar a preferência dos passageiros, não eram muitas as linhas disponíveis. Dona Esther Hoepsmer lembra que, quando os filhos mais velhos iam estudar em Florianópolis, não havia muitas opções de horários para partir aos fins de semana após visitarem a família.
- Comprávamos a passagem ali mesmo e eles embarcavam quase na esquina com a João Colin - recorda a mãe.
O guichê de passagens ficava atrás da torre e, se não estivesse chovendo muito, era comum que as pessoas esperassem os veículos na calçada, embaixo de um abrigo adaptado.
O maior tempo de uso do imóvel foi pelo Poder Executivo. Os 22 anos em que o imóvel da esquina ficou aberto à administração pública deixaram marcas não só na memória dos joinvilenses, como no próprio prédio. Várias adaptações internas foram feitas na antiga Agência Ford para receber os diversos departamentos públicos.
A arquiteta Rosana Barreto Martins trabalhou na Prefeitura de 1985 a 1989 e lembra que outro imóvel em frente à antiga concessionária (onde hoje está a Pizzaria Totens) era usado pela Secretaria de Planejamento. A ex-funcionária diariamente atravessava a Max Colin para acessar o setor de licitações e para participar de reuniões.
- Com o tempo, o prédio foi perdendo os registros de sua história devido às várias alterações - conta.
Enquanto o atendimento ao público ficava no primeiro piso, o gabinete do prefeito - passaram por lá Pedro Ivo Campos, Luiz Henrique da Silveira, Wittich Freitag e Luiz Gomes - ficava no andar superior. No galpão aos fundos, ficava a garagem dos funcionários.
Esta foi a quinta sede da Prefeitura de Joinville, que chegou a passar pelas ruas 9 de Março, do Príncipe e Padre Carlos, último endereço que precisou ser abandonado para permitir as obras na avenida Juscelino Kubitschek. Apesar do grande espaço de tempo, o uso do imóvel era provisório até que a Prefeitura construísse uma sede própria. E foi o que aconteceu. A mudança definitiva para a moderna estrutura às margens do rio Cachoeira se deu em 1996.
Apesar de não precisar mais do imóvel da família Buatim como sede, o município decidiu comprá-lo no mesmo ano da mudança. O governo da época ofereceu apenas R$ 215 mil, valor que constava no cadastro do IPTU. Os proprietários entraram na Justiça e o processo de compra se arrastou até 2003, quando houve o acordo de pagamento de R$ 3 milhões, sendo R$ 1,847 milhão pelo valor do imóvel e R$ 1,223 milhão de indenização pelo uso e desgaste das instalações. A intenção era transferir para o local outras unidades que ocupavam imóveis alugados e diminuir as despesas. Por um período, o serviço de atendimento ao IPTU ficou instalado lá, junto com o almoxarifado da Prefeitura e os materiais da Secretaria de Educação.