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Só restou a antena dos anos 80 de um aparelho de radioamador, instalado na oficina de Oscar Juarez
Negrão, em Ronda Alta. Na época, era o único meio de comunicação que os agricultores tinham com os seus parentes que haviam migrado para o chamado Brasil de Bombachas. – Nos fins de tarde, eu precisava ficar na fila para falar com o meu pessoal lá no norte de Mato Grosso – recorda Ênio José Tonin, 59 anos. O dono do rádio hoje vive em Carazinho. Mas a oficina continua funcionando, e os negócios são administrados por um de seus filhos, Pablo, 38 anos. Ele diz que, nos anos 80, seu pai trabalhava em um garimpo nas proximidades de onde hoje fica a cidade de Sorriso (MT). Lembra que a procura pelo rádio era tamanha que eles precisavam organizar o acesso ao equipamento. – Cada um tinha 10 minutos para falar – recorda. Todos os assuntos imagináveis eram tratados pelo rádio. Sendo que o principal deles era a manutenção dos equipamentos agrícolas. Sempre que quebrava uma máquina, era preciso levar a peça do Rio Grande do Sul. Além da antena, daqueles tempos restou para a família Negrão uma propriedade de 1,6 mil hectares em Feliz Natal, no Nortão.
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