Textos: Carlos Wagner
carlos.wagner@zerohora.com.br

Fotos: Mauro Vieira
mauro.vieira@zerohora.com.br
















Ainda garotinha, Cristiane Tonelli migrou com os pais para Canarana, no norte de Mato Grosso. Deixou para trás os seus parentes em Tapera, cidade agrícola do Rio Grande do Sul. Sempre que passa muito tempo sem visitar seus familiares no Sul, logo que chega, ela tem dificuldades de acostumar o ouvido com a sonoridade da fala do gaúcho. – Perdi muito vivendo longe dos meus parentes. Mas ir embora foi uma imposição da necessidade econômica – comenta. A convivência em Canarana, da maneira de falar e dos termos usados pelos gaúchos com outras culturas e sotaques – como o paulista, o mineiro e o do sertão de Goiás – está criando uma nova forma de se expressar, chama a atenção Jaqueline Priston, fonoaudióloga que treina os atores da Rede Globo no uso de termos regionais. No entendimento dela, em futuro bem próximo, a globalização deverá misturar todos os sotaques do Brasil de Bombachas, o que resultará na criação de uma nova maneira de falar. – Claro que o sotaque mais forte servirá de base para o que irá surgir – acrescenta. Hoje, é muito comum ouvir uma frase assim: "tchê, estou levando o meu trem junto". O termo "trem" é usado pelos mineiros para designar bagagem. Jaqueline disse que essa mistura de sotaques e palavras aconteceu no Brasil em 1600. Na época, em algumas regiões do país, houve uma mistura do português, do espanhol e do tupi-guarani, o que resultou na criação de um idioma chamado de "Língua Geral". Ainda não tem nome o sotaque que irá surgir no Brasil de Bombachas. Mas, pelo que se ouve hoje, a mistura vai ser interessante.