Textos: Carlos Wagner
carlos.wagner@zerohora.com.br

Fotos: Mauro Vieira
mauro.vieira@zerohora.com.br
















Sempre que fala no assunto, Antonio Martins dos Santos, 59 anos, não consegue conter a emoção. Levado do Rio Grande do Sul pelas mãos dos pais, Manoel e Sebastiana, e acompanhado pelos 13 irmãos, nos anos 70, Santos se alojou no meio de uma densa floresta no Paraguai. Santos é um representante da insegurança jurídica que vivem os brasiguaios. Durante quatro décadas, a família trabalhou na terra. – Hoje estou aqui acampado na beira da estrada, dependo da caridade do governo brasileiro – diz. Santos faz parte de um contingente de 350 famílias de brasiguaios vivendo em um acampamento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) nos arredores da cidade de Itaquiraí (MS). Sob o argumento de que as terras pertencem aos paraguaios, o Exército Popular do Paraguai (EPP), um bando armado ligado aos populistas, expulsou a bala várias famílias de brasiguaios, sob a alegação de que suas terras tinham problemas jurídicos. – Já vi o pai chorando baixinho. Para quem já teve tudo, como nós, viver debaixo de uma barraca é muito difícil – contou o filho Jesué.