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A construção da Ferrovia Norte-Sul espalha plantações de soja no Tocantins. Com uns trocados no bolso, há três décadas, Rudimar Borghetti partiu do Rio Grande do Sul rumo às terras do Tocantins. Escolheu o lugar para viver onde o seu escasso dinheiro podia pagar a gleba. Acabou instalando-se em Alvorada, no sul do Estado, uma parada de caminhoneiro à beira da BR-153, a Belém-Brasília. Teve sorte. Há dois anos, começaram as obras da ferrovia a poucos quilômetros das lavouras de Borghetti. – Tirei a Mega Sena. Nunca poderia ter imaginado quando vim para cá que teria uma ferrovia na porta – comenta. Até a década de 90, a região girava ao redor da criação de gado. Em 1995, quando Zero Hora passou pela região, os gaúchos que plantavam estavam envolvidos com arroz irrigado, criação de gado e outras atividades. Hoje, as plantações de soja começam na divisa com Goiás e vão subindo para o Norte, acompanhando o leito da ferrovia. As terras que a soja está ocupando são chamadas de degradadas – foram pasto de gado durante muitos anos. Entre terras de sua propriedade e glebas arrendadas de pecuaristas, a família Borghetti planta 2 mil hectares. – Já conseguimos pagar a universidade dos filhos e comprar uma máquina agrícola nova por safra – comenta Tânia, mulher de Borghetti.
O casal tem dois filhos: Alexsander, que é dentista, e Kamilla, que cursa Direito. E também um netinho, Pedro Henrique, cinco anos, companheiro de trabalho do avô. Atualmente, há 15 famílias de gaúchos vivendo em Alvorada. Todos apostam nisso. Entre os corretores de terras, o assunto do momento é a procura por terras para plantar soja no sul do Tocantins. Em um fim de tarde chuvoso de janeiro, o corretor de terras agrícolas Ivan Lima estava sentado em uma mesa de um bar em Natividade (TO). Conversava sobre ofertas de glebas na região com um carreteiro gaúcho. – Tenho recebido ligações do teu povo lá de baixo (referem-se assim ao Rio Grande do Sul devido a sua localização no mapa do Brasil), querendo saber o preço das terras por aqui – comenta. O valor da terra na região aumenta conforme o andamento das obras da ferrovia.
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