Textos: Carlos Wagner
carlos.wagner@zerohora.com.br

Fotos: Mauro Vieira
mauro.vieira@zerohora.com.br















Apesar de terem uma vida confortável e acesso à educação, os filhos dos pequenos proprietários rurais do oeste catarinense e paranaense não têm manifestado interesse em suceder seus pais na administração dos negócios. O esvaziamento compromete o fornecimento das agroindústrias de frangos, suínos e derivados de leite, produtos fundamentais no cotidiano dos brasileiros. – Estamos agindo no sentido de mostrar ao jovem que, ao suceder o pai, fará uma boa escolha – comenta Rudinei Carlos Grigoletto, vice-presidente da Coopavel, de Cascavel (PR). A Coopavel tem cursos de aperfeiçoamento para filhos de associados que ensinam como tocar os negócios dos pais. Há técnicos que acompanham a sucessão familiar, orientando pais e filhos.




Grupos de colonos estão tomando as rédeas do problema, como na cidade de Mercedes (PR). Lá, os agricultores têm uma organização chamada Associação Gruta, reunião de 24 famílias para mutirões que fazem todas as lidas da roça. Antonio Alves diz que ao levar os seus filhos para os mutirõe", mostram que é possível viver em uma pequena propriedade. Eles também organizam bailes, jogos e grandes festas nos encerramentos de colheitas. Outros desistiram. Em 1995, Inelso Zuffo, no meio da lavoura de soja, em Pato Branco (PR), apontava o dedo em direção ao horizonte: – Tudo isso aqui é da minha família. Nos anos 80, ele e a mulher, Edi, venderam 50 hectares em Espumoso, no norte gaúcho, e compraram 200 em Pato Branco, no oeste do Paraná. Após dificuldades iniciais, nos anos 90, conseguiram se equilibrar e construir a casa dos seus sonhos. Os três filhos estão formados: Luciano é médico, Luisa, psicóloga, e Luana, bioquímica. No ano passado, o casal decidiu: – Já que nenhum dos filhos teve interesse em ser agricultor, vendemos a terra e investimos o dinheiro em salas de escritório. Voltou ao Rio Grande do Sul. Não guarda mágoa dos filhos, diz que a sua obrigação era dar educação à família. E isso ele conseguiu, graças à decisão que tomou, em 1980, de trocar Espumoso por Pato Branco.