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Boa parte dos grandes grupos de empresas ligadas ao agronegócio surgiu há pouco mais de duas décadas no Brasil de Bombachas. Elas têm em comum o fato de terem sido fundadas por agricultores, muitos deles pobres, que migraram do Rio Grande do Sul. E que, por suas qualidades pessoais, como o domínio das técnicas agrícolas e algum conhecimento rude de comércio, conseguiram sobreviver e prosperar. – Eram tempos em que audácia era a ferramenta principal para o sucesso – recorda Vinicius Paiva da Silva, consultor rural, em Vilhena (RO). Silva é gaúcho e assessora a sucessão dos negócios em vários grupos empresariais formados por famílias sulistas, ligados à industrialização e ao plantio da soja em Rondônia. Em muitos casos, recorda, é a segunda geração que está tomando as rédeas dos negócios. Ele diz que os grandes bancos estão atentos a esse processo. – O interesse bancário é o de preservar o seu cliente, porque muitos deles, além de movimentarem grandes somas de dinheiro, consideram que têm uma dívida de gratidão com o banco que os ajudou em momentos difíceis – ilustra Silva.
No Brasil de Bombachas, a sucessão está na ordem do dia da família Görgen. João Antônio, o Zezão, herdou a plantação de soja do pai, Severino, e já está incluindo o filho, Anderson, 22 anos, nos negócios. Para aprimorar a plantação, o guri cursa Administração e tem sob a sua responsabilidade a logística para plantar 37 mil hectares de soja e cuidar da manutenção de 40 carretas, uma fábrica de misturar adubos e outros pequenos negócios da família. Zezão diz que, na prática, já começou a passar os negócios para o filho. A sua tática é envolvê-lo no cotidiano, que é muito agitado. Anderson fala que há uma regra básica na família, implantada pelo avô, Severino: – Nunca se ganha nada de graça. É preciso trabalhar. O jovem diz que entende o que é estar na frente de um negócio muito sensível, por depender de mercados espalhados ao redor do mundo e custos enormes. Por ser Balsas uma cidade de grande produção de grãos, mas servida por uma rede de estradas precária, a logística do transporte dos insumos para a lavoura e da produção de grãos é a coluna dorsal do empreendimento. Cresce a importância da nova geração.
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