Textos: Carlos Wagner
carlos.wagner@zerohora.com.br

Fotos: Mauro Vieira
mauro.vieira@zerohora.com.br
















Durante anos, José Bortolo Pizzatto, 73 anos, cuidou com zelo da educação do filho Dênis. A intenção era de que ele tocasse os negócios da família, que é proprietária de hotel, lavouras de soja e cde ana-de-açúcar, terras e outros negócios na região de Naviraí (MS). Todos os negócios progrediram a duras penas, em anos de trabalho que se iniciaram na década de 60, quando Pizzatto migrou do Rio Grande do Sul para Mato Grosso do Sul, que pertencia a Mato Grosso e se resumia a uma vasta e solitária planície. Formado em Administração e professor universitário, Dênis morreu aos 28 anos, em 1993, em um acidente automobilístico. A filha Dileusa, fonoaudióloga, é quem está tocando os negócios. Ela tem plena confiança que terá sucesso em sua tarefa. Nos dias atuais, o pensamento dele sobre a sucessão nos negócios tem uma lógica diferente da exercida pela grande maioria. Ele explica: – O meu medo não são os filhos, porque eles assistiram a todo o sacrifício dos pais para vencer na vida. Portanto, sabem trabalhar. Tenho receio que os netos não consigam ter sucesso, porque não testemunharam os tempos do "cobertor curto".






Sem citar nomes, ele enfileira histórias de pioneiros cujos netos acabaram com o patrimônio. – Nem todos nascem com o dom para o comércio. Mas eles podem aprender, se os ensinarmos. O trabalho dos pioneiros do Brasil de Bombachas ainda não terminou. Nós temos de ensinar a gurizada a trabalhar – adverte. Nascido em Sorriso (MT), Márcio Leandro Schiefelbein, 18 anos, é neto do Ronaldo, 82 anos, um afamado tocador de bandoneón que, em 1983, migrou com a mulher Norma e os filhos de Ibirubá, no Rio Grande do Sul, para o norte de Mato Grosso. A família é hoje grande produtora de soja. Márcio está sendo preparado pelo pai, Nilson, 49 anos, para administrar uma das fazendas da família. A preparação dele inclui o trabalho com os peões nas lidas da propriedade, e os estudos para o vestibular em Agronomia. – Não acredito que vou ter problemas de manter e até ampliar os negócios do pai. Mas nem vou tentar aprender a tocar bandoneón. Eu prefiro viver da fama do "vô" – comenta.