Como será a Floripa do amanhã? Será a do “Já teve” ou do “Nunca terá”? Será a Cidade-Ilha que mora no coração do Manezinho, no imaginário do Brasil civilizado e no rol dos melhores índices de desenvolvimento humano da ONU?
Ou será essa cidade permanentemente engarrafada e engessada num indecifrável Labirinto, tão confuso e tão enredado que não haveria novelo de Ariadne, nem Teseu – o herói ateniense – capazes de encontrar o caminho salvador?
O Icom (Instituto Comunitário da Grande Florianópolis) e o Observatório Floripa Cidadã, da Udesc-Esag, lançam seus búzios científicos sobre esse futuro, revelando surpresas e inesperados vaticínios: pouco mais da metade da população da cidade já não é mais autóctone. Ou seja, 51,70% dos seus habitantes já são formados por pessoas não-naturais do município e que hoje aqui constroem suas vidas.
Entre 2008 e 2014 a cidade cresceu em média quase 3% ao ano (2,8%), recebendo 40 mil novos habitantes . Segundo o Plano Diretor de Floripa, a estimativa para 2035 é chegar a um patamar limítrofe do milhão – mais de 800 mil só na cidade.
A formosa Floripa atrai a juventude. Sede de inúmeras universidades, é chamariz de jovens na faixa etária dos 20 anos, “remoçando” o perfil geral da população. Com isso, floresce uma crescente demanda por serviços, infraestrutura e atividades próprias desse grupo etário.
Conseguiremos ser esse “Shangri-La” para os sonhadores jovens adventícios?
O Labirinto da Ilha de Santa Catarina não se formou ao longo de milênios, como o da Ilha de Creta. Bastaram três décadas. O carrascal de Floripa foi caoticamente planejado nas últimas duas gerações, com o requinte de resultar numa cidade ainda pequena, com todos os inconvenientes das grandes metrópoles.
Cidade insular e portuária - paradoxalmente sem portos ou transporte marítimo - sobre a Ilha se abateram todas as pragas do progresso predatório, associadas ao carrapato de uma ecoteologia caolha, que acaba provocando exatamente o que deveria evitar: a degradação ambiental.
Some-se a todos esses males o da obsessiva monocultura automotiva, velha arteriosclerose do Brasil. Único país do Mundo com 8 mil quilômetros de costa oceânica sem uma frota mercante e uma única tonelada transportada em navegação de cabotagem. Aqui, o navio graneleiro que zarpe do Rio Grande do Sul para o do Norte, retirando de circulação duzentas carretas de doze toneladas – é apenas uma miragem.
Predomina a anti-lógica do baronato rodoviário: em 10 anos, a frota brasileira pulou de 30,5 milhões para 70 milhões de veículos, com algumas cidades – inclusive esta que a Ilha hospeda – matriculando quase um carro para cada vivente.
Quais serão os caminhos para que a nossa bela Ilha consiga construir um futuro abençoado?
Há bons indícios de que o labirinto será decifrado pelas vias do bom comércio e do turismo qualitativo, pela prodigiosa performance das industrias de tecnologias limpas e sensíveis, dos parques do silício e das startups – isso num mundo em que ainda será possível preservar alguma “penugem” no peito de nossa Mata Atlântica e a lancinante beleza de nossas praias e enseadas, descortinadas do alto das nossas verdejantes montanhas.
Leiam e descubram o que se poderá enxergar de Floripa numa visão prospectiva do futuro – percebida, digamos, lá do alto das sobrancelhas do Cambirela, deitado em seu belo berço continental.
O Labirinto da Ilha de Santa Catarina não se formou ao longo de milênios, como o da Ilha de Creta.
Bastaram três décadas. O carrascal de Floripa foi caoticamente planejado nas últimas duas gerações, com o requinte de resultar numa cidade ainda pequena, com todos os inconvenientes das grandes metrópoles.