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 | 03/11/2007 08h08min

Especialistas sugerem equilíbrio no final do Brasileirão

Time enfrenta o Figueirense hoje, às 18h10min, no Olímpico

Diogo Olivier  |  diogo.olivier@zerohora.com.br

Nesta reta final de disputa por vaga na Libertadores, trata-se de um conselho de luxo. Ainda mais vindo de um gremista acima de qualquer suspeita. Cláudio Eizirik é presidente da Associação Psicanalítica Internacional, entidade fundada por Sigmund Freud em 1910. Imagine o que significa comandá-la. A começar por hoje, às 18h10min, contra o Figueirense, no Olímpico, o Grêmio precisa encontrar o ponto de equilíbrio entre a bravura e a violência.

Infográfico: veja a provável escalação para hoje

Eizirik lembra que a cultura da bravura sempre foi enaltecida não apenas no Olímpico, mas no futebol gaúcho. É certo que os grandes ídolos azuis sempre tiveram este aspecto particularmente cultuado. Juarez, o tanque. De León erguendo a taça da Libertadores de 1983 com o sangue escorrendo por um corte na testa. Iúra, o guerreiro. O próprio Foguinho, no começo de tudo.

Eizirik, como bom gremista, vai listando todos eles. Mas faz a ressalva, fundamental para os quatro jogos que faltam.

— A fonte de toda a agressão é a frustração. A psicanálise diz isso. O problema está em, neste contexto de bravura, saber lidar com a frustração, com a provocação. Do contrário, pode-se cair para a violência — ensina Eizirik.

O negócio, portanto, é saber perder. Não o jogo, é claro. O Grêmio necessita de vitória hoje e tudo indica que vá alcançá-la — com a torcida ilustre de Eizirik. Perder, no caso, refere-se a situações pontuais de jogo: uma provocação absurda (como a de Claiton, quarta-feira, contra o Atlético-PR), uma desvantagem no placar, uma expulsão. Isso dentro do campo. O zagueiro Ancheta, um dos símbolos de garra do Grêmio nos anos 70, em uma época em que as vitórias eram raras, ressalta que é preciso a direção dar exemplo.

— Se o chefão está de cabeça virada, como o vestiário ficará tranqüilo? O Grêmio precisa conversar e acalmar os ânimos. Do contrário, não classifica — diz Ancheta.

O antropólogo Édson Gastaldo, professor do programa de pós-graduação em Ciências Sociais da Unisinos, vai pelo mesmo caminho. Para ele, o conceito de bravura e de violência varia de acordo com cada um:

— O dirigente não deve motivar o torcedor apenas com base nesse espírito de bravura. O limite com a violência é tênue: o que é raça para um pode ser violência para outro.

— É aquela história de querer mostrar que é macho e sair do rumo. Mas não acho que isso se manifeste na jogada brusca: o time do Grêmio não é desleal. O descontrole tem mais a ver com o espírito bélico da cartolagem — diz o comentarista Juca Kfouri, da ESPN.

O caminho do Grêmio em direção à Libertadores é pela tranqüilidade.

 
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