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 | 28/10/2005 01h12min

Superacareação revela contradições

Diferença entre montates de pagadores e recebedores chega a R$ 12 milhões

Pagadores e recebedores do esquema conhecido como valerioduto divergiram sobre os valores repassados a partidos e parlamentares nas acareações que se estenderam por mais de 14 horas na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPI) do Mensalão. O montante soma R$ 12 milhões. O relator da CPI, deputado Ibrahim Abi-Ackel (PP-MG), disse que esta foi uma das principais novidades da sessão.

– Só um exame técnico poderá apurar as quantias envolvidas nas operações – disse Abi-Ackel, afirmando ainda que não é possível batizar o esquema de mensalão, porque, segundo ele, não há nenhuma prova de que houve periodicidade nos pagamentos. O relator considerou a reunião "altamente produtiva".

Desde a manhã de quinta-feira, o empresário mineiro Marcos Valério Fernandes de Souza e o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares enfrentaram uma sabatina promovida pelos parlamentares. A secretária-executiva da SMPB, Simone Vasconcelos, também participou da reunião. Além dos pagadores, foram ouvidos os recebedores Valdemar Costa Neto, o ex-tesoureiro do PL Jacinto Lamas, o ex-presidente da Casa da Moeda Manoel Severino dos Santos, o assessor do PP João Cláudio Genu e o primeiro-secretário do PTB, Emerson Palmieri. Delúbio foi o único a falar protegido por um habeas corpus, que reafirmou o direito de ele se calar para não produzir provas contra si mesmo.

A superacareação acabou envolvendo no valerioduto mais três partidos – PSB, PCdoB e PPS – e o deputado Eunício Oliveira (PMDB-CE), ex-ministro das Comunicações. Segundo Delúbio, foi Eunício que indicou o ex-líder do PMDB José Borba, beneficiário de R$ 2,1 milhões da SMP&B, uma das agências do empresário Marcos Valério de Souza, para tratar de assuntos de interesse do partido com o PT. Esse também foi um fato importante da investigação, de acordo com o relator.

O ex-tesoureiro do isentou apenas quatro diretórios estaduais petistas da prática de caixa dois: as unidades do Maranhão, Mato Grosso do Sul, Acre e Piauí. As informações sobre movimentação financeira não contabilizada animaram integrantes de partidos de oposição. Os deputados Moroni Torgan (PFL-CE) e Zulaiê Cobra (PSDB-SP) anunciaram que tentariam convencer a direção de seus partidos a pedir o impeachment do presidente Lula.

 

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