| 12/05/2006 19h02min
Depois de insinuar que a Petrobras é contrabandista e não indenizará a estatal, o presidente da Bolívia baixou hoje o tom de suas acusações, em entrevista coletiva na Cúpula de Viena. Morales disse que se reunirá com o colega brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, para "assentar as bases'' de um acordo sobre a nacionalização de hidrocarbonetos de seu país.
Morales disse que não está expulsando do país a Petrobras e nem a espanhola Repsol e que, ao contrário, a Bolívia "precisa de sócios" para seu setor energético. Ele alega que os meios de comunicação interpretaram de maneira equivocada suas declarações anteriores sobre a Petrobras.
– Temos muitas coincidências com Lula. O diálogo e a negociação sempre estão abertos – disse o líder boliviano, acrescentando que os dois se reunirão neste sábado.
O chanceler brasileiro, ministro Celso Amorim, que havia deixado claro que não descartava retirar o embaixador brasileiro em La Paz, avaliou como positivas as novas declarações do presidente da Bolívia.
Na véspera, em entrevista transmitida pela televisão, ele acusou a Petrobras de atuar ilegalmente na Bolívia, e trouxe à tona a chamada Questão do Acre, sobre o estado brasileiro que, segundo o líder boliviano, foi obtida pelo Brasil em troca de um cavalo. Nesta sexta-feira, o ministro de Hidrocarbonetos da Bolívia ainda disse que seu país pretende vetar a participação da Petrobras no projeto do Gasoduto do Sul, o que também provocou a reação de Celso Amorim.
O Itamaraty confirmou que Lula e Morales tomarão juntos um café da manhã, neste sábado, em Viena. Perguntado sobre as divergências e choques de declarações, Lula foi lacônico:
– Depois de conversar com ele (Morales) é que vou saber – disse o presidente brasileiro, quando chegava ao hotel, após participar da cúpula de chefes de Estado.
Lula falou do café da manhã com Morales e informou que não participaria do jantar oficial da cúpula, marcada para a noite desta sexta-feira. Na noite anterior, ele também não compareceu ao jantar. Sobre o cancelamento de uma reunião presidencial de Mercosul e União Européia, marcada para o sábado, Lula afirmou:
– Saí do Brasil já sabendo que não tinha, porque Kircher não podia, porque o Tabaré Vázquez não podia. Não vou fazer só eu, o Celso e o Paraguai.
Morales, por sua vez, revelou que em 18 de maio vai se reunir com o presidente venezuelano, Hugo Chávez, na região boliviana de Chapare, onde serão assinados acordos energéticos entre as petrolíferas estatais de ambos os países, PDVSA e YPFB.
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