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 | 18/07/2008 03h26min

Operação Satiagraha: PF cita fundação gaúcha como suspeita por investimento ilegal

Fundação CEEE de Seguridade Social apareceu no computador do banqueiro Daniel Dantas

Marta Sfredo e Fabio Schaffner

Considerada pela Polícia Federal (PF) a principal prova de evasão de dividas e lavagem de dinheiro praticadas pelo grupo Opportunity, a perícia feita no computador do banqueiro Daniel Dantas registra supostas aplicações de uma instituição gaúcha.

Entre os 84 nomes de pessoas e empresas que, segundo a PF, podem ter enviado dinheiro ao Exterior de forma ilegal, aparece a Fundação CEEE de Seguridade Social (EletroCEEE), fundo de pensão dos funcionários da estatal de energia elétrica. Conforme os gestores da instituição, a inclusão na lista é um equívoco da PF.

Um novo inquérito deve ser aberto pela PF para investigar o caso. Há suspeita de que a EletroCEEE teria mantido cotas no Opportunity Fund, um fundo de investimentos offshore (constituído no Exterior, com gestor no Brasil) criado por Daniel Dantas em 1996. A legislação brasileira não permite que investidores residentes no Brasil façam aplicações no Opportunity Fund. De acordo com o relatório das investigações, a lista de investidores abrange o período entre 10 de dezembro de 1992 e 23 de junho de 2004, durante o qual o Opportunity Fund teria movimentado US$ 1,9 bilhão.

Conforme a direção da EletroCEEE, houve de fato investimento no Opportunity, em 1998, junto com outras nove entidades de pensão, para participar da privatização de estatais. Ivan Giordani, diretor financeiro e responsável pelos investimentos, ressalva que a aplicação foi feita no fundo nacional, não no offshore.

Presidente da EletroCEEE nega aplicação em fundo estrangeiro

Desde 2004, quando houve o rompimento dos fundos com o Opportunity, essa aplicação está sob a gestão de outra administradora, a Angra Partners. Da última vez em que aparece nos relatórios da EletroCEEE vinculado ao banco de Dantas, o fundo é chamado CVC/Opp Opportunity Equity Partners FIA.

— Os cotistas todos se indispuseram com o gestor anterior (o Opportunity) — lembrou Gilberto Valdez, gerente de investimentos da EletroCEEE.

Desde então, o fundo aparece nos relatórios da fundação como Investidores Institucionais.

— Todas as fundações, até junho de 2007, estavam proibidas de fazer qualquer investimento no Exterior — disse Giordani.

Os executivos da EletroCEEE explicam que esse fundo não faz movimentações constantes de recursos. Os valores estão aplicados em empresas como Brasil Telecom, Metrô do Rio e Sanepar. Recentemente, saiu da Santos-Brasil, uma empresa ainda controlada pelo Opportunity. As demais também estiveram nas mãos de Dantas, mas ele foi destituído do comando justamente por conta do conflito com os fundos.

— A partir de 2004, o Opportunity foi destituído pelos cotistas e, por coincidência, os números começaram a melhorar - acrescentou o diretor financeiro da fundação.

Na documentação apreendida pela PF, a EletroCEEE é citada duas vezes. Aparece na tabela 4, de acordo com a perícia do Instituto Nacional de Criminalística, órgão vinculado ao Departamento Técnico- Científica da PF. O fundo de pensão gaúcho também é citado numa coluna como "Cliente", ao lado do número 253291. O relatório da PF e o laudo dos peritos não explicam o significado do número.

— Nenhum fundo de pensão fez isso (aplicações no fundo estrangeiro do Opportunity). Caso contrário, teriam sido descobertos e punidos pela Secretaria de Previdência Complementar — reiterou o presidente da EletroCEEE, José Marcos Müller del Fabbro.

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