No dia 20 de junho de 1999, um grito unia milhares de gremistas no Olímpico:

— Ah, é Ronaldinho!

Naquele domingo, Ronaldinho, 19 anos, destroçou o Inter, levantou o título gaúcho e atingiu a sua maioridade. A histeria das arquibancadas ilustrou com perfeição o grau de importância que Ronaldinho havia alcançado em menos de dois meses. A promessa ainda oscilante de abril virou craque, um rei cheio de súditos.

No próximo domingo, novamente os gremistas estarão unidos em torno do jogador. Mas, como todos sabem, desta vez é para uma promissora vaia, alimentada desde a sua saída tumultuada para o PSG, em 2001, e ampliada este ano, com a ida para o Flamengo. O dia em que o hoje renegado Ronaldinho foi levado nos braços da torcida integra a série do clicEsportes que revisita momentos importantes do camisa 10 no Grêmio, na semana em que retorna ao Olímpico vestindo rubro-negro.

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Ronaldinho barbarizou naquele Gre-Nal. No lance do gol do título, aplicou uma caneta no volante Anderson, tabelou com Capitão e bateu com o pé esquerdo, no canto de André. No segundo tempo, com o placar na mão, aflorou o craque. A vítima foi o tetracampeão mundial Dunga, que encerrou a carreira com a marca de levar um chapéu e um drible de letra do novo xodó tricolor. Apesar dos contratempos, Dunga foi leal. E elegante: no fim do primeiro tempo, procurou Ronaldinho, cumprimentou-o pelo gol e disse:

— É isso aí, joga a tua bola.

Ronaldinho deixa Dunga para trás com drible de letra
Foto: Ronaldo Bernardi

Bastou Carlos Simon terminar a partida para uma multidão repetir o gesto de Dunga e saudar o talento. Ronaldinho foi carregado nos braços pela torcida, recebeu elogios dos companheiros e planos ousados dos dirigentes.

— A gente joga para o Ronaldinho. Nós marcamos e o resto ele faz — disse o zagueiro Scheidt.

— Vou dobrar o salário dele! — prometeu o então presidente José Alberto Guerreiro.

No dia seguinte, o Rio Grande se apequenou diante de Ronaldinho. Ganhou o Brasil ao ser convocado para a Seleção de Wanderley Luxemburgo no lugar de Edilson, cortado na última hora pelo técnico.

A carreira do irmão de Assis só fez decolar. Já a sua relação com o Grêmio nem tanto. No próximo domingo, é quase certo que as vozes que o idolatraram há 12 anos irão cobri-lo de vaias. Um outro Olímpico está à espera do camisa 10.

> Ficha técnica - Gre-Nal 341

Grêmio (1)
Danrlei; Itaqui, Ronaldo Alves, Émerson, Éder e Roger; Capitão, Fabinho (Djair) e Ronaldinho; Rodrigo Gral (Cleison) e Agnaldo (Zé Afonso). TÉCNICO: Celso Roth

Inter (0)
André; Enciso, Lúcio, Gonçalves,Régis (Almir) e Elivélton; Dunga, Anderson (João Santos) e Claiton; Fabiano (Manoel) e Christian. TÉCNICO: Paulo Autuori

Gol: Ronaldinho, aos 44 minutos do primeiro tempo, para o Grêmio.
Cartões amarelos: Émerson, Éder, Danrlei, Agnaldo e Zé Afonso (G). Anderson, Christian, Elivélton e João Santos (I).
Árbitro: Carlos Simon, auxiliado por Flávio Teixeira e Sílvio Rogério Silva.
Renda: R$ 481.288, para um público de 40.238 (34.655 pagantes).
Local: Estádio Olímpico, em Porto Alegre.


Próximos jogos:
30/10 - 16h - Grêmio x Flamengo
05/11 - 19h - Atlético-MG x Grêmio
13/11 - 17h - Grêmio x Palmeiras

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*Com informações do globoesporte.com