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Esportes  | 27/10/2011 07h10min

Itaqui: o "curinga" que fez Roth deixar Ronaldinho no banco do Grêmio

Em 1998, técnico recorreu ao discreto meio-campista e deixou a jovem promessa na reserva

Lucas Rizzatti  |  lucas.rizzatti@zerohora.com.br

Se pudesse transportar o ano de 1998 para as 16h do próximo domingo, Itaqui certamente seria ovacionado pelos gremistas. Isso porque, contando com a confiança de Celso Roth, conseguiu deixar Ronaldinho no banco de reservas na ocasião. Aos 38 anos, o meia ainda é lembrado pelo episódio que envolveu a grande revelação do clube naquela temporada, mas hoje desafeto maior da torcida. Condiciona a decisão ao momento da equipe e sai em defesa de seu ex-chefe.

— Nunca competi com o Ronaldinho, nem o vi como meu adversário. Foi tudo circunstancial — argumenta, na terceira parte da série que começou na terça e vai até sexta-feira no clicEsportes sobre o retorno de Ronaldinho ao seu antigo lar, agora com a camisa do Flamengo.

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De Caxias, onde vive com a esposa e os dois filhos e planeja sua aposentadoria dos campos, Itaqui leva algum tempo para explicar as razões de Roth para não usar Ronaldinho. Segundo ele, não foi uma decisão simples. Com Sebastião Lazaroni e Edinho, a promessa tricolor sempre fora titular. Mas 1998 estava sendo um ano difícil para o Grêmio, com fracassos no Gauchão, Copa do Brasil e Libertadores. A pressão era gigantesca, recorda Itaqui. E Roth, que chegava em meio à temporada, precisava de reação imediata.

— Futebol é resultado. Você não joga só com futebol bonito — explica Itaqui, hoje com 38 anos. — Ninguém escapou da cobrança, a gente sentia dentro de campo. Com Ronaldinho, não foi diferente.

Contratado para ser lateral na vaga deixada por Arce, Itaqui foi alçado ao meio-campo com a vinda de Roth, que o conhecia dos tempos de Juventude. O técnico enxergava em Itaqui o jogador ideal para dar solidez ao meio-campo. Uma peça "curinga", como o próprio meia define, que pudesse marcar e atacar.

O que Ronaldinho não estava conseguindo executar, na visão de Roth. Exigia mais empenho do guri sem a bola. Para a torcida, a decisão tinha outro nome: teimosia. Como o garoto que assombrava o mundo com as seleções de base poderia sentar no banco num time sem grandes valores e perto do rebaixamento?



Ronaldinho e Roth: uma relação complicada em seu início
Foto: Fernando Gomes


A bronca das arquibancadas se mostrou ineficaz. Com Roth, Ronaldinho jogou apenas seis jogos em 1998 e viu Itaqui empilhar gols no Brasileirão. Como se fosse centroavante, marcou cinco vezes em quatro jogos seguidos. Nas quartas de final, fez um golaço sobre o Corinthians no Pacaembu. Transformou-se no símbolo da recuperação encabeçada por Roth no campeonato. 

— Estava vivendo o meu momento. Eu não sentia tanto a pressão, estava mais sobre o Celso mesmo. Mas tudo tem um tempo certo para acontecer. E essa fase foi importante para o Ronaldinho amadurecer. Depois, ninguém mais o segurou.

Itaqui tem razão. Após um 1998 vacilante, assim como o próprio time, Ronaldinho cavou espaço de vez na equipe de Roth em abril do ano seguinte. Mas foi aos poucos. Apesar das boas atuações no Sul-Americano e no Mundial sub-20 e do interesse de clubes como Barcelona e Inter, de Milão, o técnico pedia cautela.

— Ele ainda precisa se ambientar, entrar no ritmo de trabalho — alertava.

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A falta de concorrência no meio-campo ajudou. Palhinha foi dispensado e Arílson se lesionou. Ronaldinho ainda teve atuação destacada contra o Flamengo no Maracanã, pela Copa do Brasil. Ali, no empate em 2 a 2 que eliminou o Grêmio, Roth passou a admiti-lo como peça-chave. Usou também o garoto como atacante, e o futebol de Ronaldinho floresceu.

O resto da história todos conhecem. Titular, levou o Grêmio ao título gaúcho, que o clube não conquistava desde 1996. Sem contar a convocação à seleção principal. Questionado na última terça sobre o reencontro de domingo com o seu pupilo e hoje rival, Roth sorriu:

— Tenho boas lembranças dele. Me sinto um privilegiado por ter participado daquilo (o surgimento de Ronaldinho).

— Sou suspeito para falar. É um cara carismático, muito legal. Tenho muita admiração por ele — reforça Itaqui.

Os elogios, no entanto, devem parar por aí. Às 16h de domingo, Ronaldinho terá um tenso reencontro com os gremistas. Os mesmos que um dia clamaram por sua titularidade no Olímpico, mas que hoje preferem vê-lo sobrando até da roda de bobinho nos treinos do Flamengo.


Próximos jogos:
30/10 - 16h - Grêmio x Flamengo
05/11 - 19h - Atlético-MG x Grêmio
13/11 - 17h - Grêmio x Palmeiras






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Mauro Vieira, Banco de Dados / 

Ronaldinho e Itaqui disputavam vaga em 1998
Foto:  Mauro Vieira, Banco de Dados


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