O reencontro do maior talento já revelado nas categorias de base do Estádio Olímpico com o Grêmio tem dia e hora marcada. Vestindo a camiseta número 10 do Flamengo, Ronaldinho enfrentará o clube que o projetou para o futebol mundial neste sábado, 18h30min, no Engenhão. Será mais um capítulo desta relação de amor e ódio, que começou quando o astro ainda dava seus primeiros chutes.

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Frequentador assíduo do Estádio Olímpico desde criança, Ronaldinho acompanhava o irmão Assis nos treinos. A intimidade do garoto com a bola já era um prenúncio do craque que se criava. Nas categorias de base, sobrava em relação aos demais.

Lançado no time profissional em 1998 por Sebastião Lazaroni, Ronaldinho passou ainda pelas mãos dos técnicos Edinho e Antônio Lopes, antes de se consagrar no Gauchão de 1999, sob o comando de Celso Roth.

Depois de voltar como destaque do time brasileiro que participou do Mundial Sub-20, disputado em 1997 na Malásia, a presença de Ronaldinho na equipe titular do Grêmio era uma exigência da torcida. No entanto, Roth insistia na escalação de Itaqui. A opinião do comandante em relação ao jogador começou a mudar na partida que decidiu a Copa Sul de 1999.

A competição teve sua única edição realizada em 1999. Era um torneio que reunia 12 times – quatro do Rio Grande do Sul (Grêmio, Inter, Juventude e Caxias) – quatro de Santa Catarina (Criciúma, Tubarão, Figueirense e Avai) e quatro do Paraná (Coritiba, Paraná, Atlético Paranaense e Grêmio Maringá). A final foi disputada entre Grêmio x Paraná, em um playoff melhor de três partidas. Depois de uma vitória para cada lado nos dois primeiros jogos, o título foi ser decidido no Estádio do Pinheirão, em Curitiba. Ronaldinho entrou no segundo tempo, no lugar de Zé Alcino e acabou com o jogo. Vitória gremista de 1 a 0 e taça no armário.

Dono da posição e com confiança, Ronaldinho passou a ser protagonista naquele time do Grêmio. O momento máximo com a camiseta tricolor ocorreu na final do Gauchão de 1999. No jogo que deu ao clube o título daquela temporada, o jogador só não fez chover. No lance que decretou o 1 a 0 para o Tricolor, deu uma janelinha no volante Anderson, tabelou com Capitão e marcou um golaço. Os dribles em cima de Dunga deram um sabor especial à conquista. Foi o suficiente. Depois disso, passou a ser idolatrado pela torcida gremista.

A carreira de Ronaldinho ganhou um grande impulso com a convocação para a Copa América daquele ano. Passou a ser sondado pelos melhores clubes do mundo.

Propostas milionárias chegavam às mãos do presidente José Alberto Guerreiro quase que diariamente. A maior foi do Leeds United, clube inglês que ofereceu US$ 80 milhões pelo atleta.

Depois de descartar ofertas pelo jogador, Guerreiro mandou fazer uma faixa com os dizeres "Não vendemos nossos craques, favor não insistir", e colocou no portão de entrada do Estádio Olímpico. Fato que se confirmou logo depois. Aproveitando-se de uma brecha na Lei Pelé, que começava a entrar em vigor naquela época, Ronaldinho negociava com o Paris Saint Germain enquanto fazia juras de amor e declarava não ter a intenção de deixar Porto Alegre.

Realmente o Grêmio não vendeu Ronaldinho. O jogador deixou o clube gaúcho em 2001 sem que o Tricolor ganhasse um centavo sequer. Um ano mais tarde, após longa batalha judicial, o clube gaúcho recebeu US$ 4,2 milhões dos franceses. Uma esmola, considerando os valores que já haviam sido oferecidos pelo atleta.

A partir daí, o nome da família Assis passou a ser exorcizado pelos gremistas. No entanto, no começo de 2011, surgiu a possibilidade da volta de Ronaldinho ao Estádio Olímpico. Os gaúchos contavam com o "trunfo" da identificação do jogador com o clube para vencer a disputa com Flamengo e Palmeiras pelo passe do atleta.

Ronaldinho alimentava a esperança dos gremistas de ter o craque de volta. Em determinado momento, chegou a dizer que "se dependesse dele, já estaria no Grêmio". Mas quem estava no comando da negociação era o irmão Assis. Depois de praticamente ser anunciado por Grêmio e Palmeiras, o jogador acabou apresentado na Gávea.

No Flamengo, foram meses de atuações nada mais que medianas. Com uma intensa vida noturna, o jogador fazia mais sucesso nas baladas do que dentro de campo.

Mas a situação parece estar mudando. Diante do Santos, no meio da semana, lembrou o craque que encantou o mundo em 2004 e 2005, quando foi considerado o melhor jogador do Planeta. Ronaldinho chega para o jogo diante do Grêmio vivendo sua melhor fase com a camiseta do Flamengo.

Certamente não era desta forma que os gremistas planejavam enfrentar o craque. Dez anos depois da conturbada saída do jogador, caberá aos comandados de Julinho Camargo fazer com que o astro prefira esquecer do reencontro com o time que, segundo o próprio, foi seu primeiro amor.

Próximos jogos
30/07 - Flamengo x Grêmio
03/08 - Grêmio x Atlético-MG
06/08 - Palmeiras x Grêmio

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