Adão Júnior
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adao.junior@pioneiro.com
A história de Julinho Camargo no Grêmio não começou na sexta-feira, quando seu nome passou a ser o favorito para substituir Renato Portaluppi — o anúncio oficial deve acontecer ainda neste sábado. Julinho já tinha conquistado Paulo Odone entre 2005 e 2008, quando esteve no comando dos juniores gremistas. Julinho já colocou faixa no presidente, apertou-lhe a mão e divagou sobre futebol na sala presidencial.
Ainda na madrugada de sexta-feira o Inter confirmou a saída de Julinho da comissão técnica de Paulo Roberto Falcão. "A mudança em nada abalará o bom trabalho de Falcão à frente do grupo campeão gaúcho de 2011 em sua caminhada rumo ao título do Brasileirão", disse o clube em sua página oficial.
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Assim que Odone assumiu o Grêmio, trouxe Rodrigo Caetano para dirigir a base, então enfraquecida há anos. Com Caetano, veio Julinho, repetindo a parceria de sucesso no RS Futebol, extinto clube de Paulo Cezar Carpegiani em Alvorada. Lá, revelou nada mais nada menos do que Thiago Silva, Naldo e Ederson. Depois, foi ser auxiliar de Carpegiani no Kuwait.
Com Caetano e Julinho, a base do Grêmio deu um salto. Além de revelar jogadores como Lucas, Carlos Eduardo e Anderson, Julinho conquistou um título atrás do outro. As vendas dos três para a Europa saldaram dívidas do clube e deixaram o presidente exultante. Mas, naquela época, a direção hesitou com medo da pressão e não o promoveu para substituir Mano Menezes. Odone pensou nele, mas não teve apoio.
Julinho com Odone, em 2008
Foto: Valdir Friolin
Julinho, então, resolveu que precisava sair. Voltou a ser auxiliar de Carpegiani, desta vez no Vitória-BA, até ser indicado ao Caxias. No Centenário, montou um belo time, venceu o Inter e revelou o atacante Everton pela segunda vez. Simples, inteligente e estudioso, Julinho deixou Odone encantado.
Estrategista, Julinho é um professor diferenciado, daqueles que sabem passar a matéria mais complicada de matemática como se ela fosse fácil. Gosta do 4-4-2, mas altera com tanta eficiência esquemas dentro de um mesmo jogo que muitos adversários nem percebem. Assim conquista jogadores e ganha respeito dos dirigentes. Não é turrão, mal educado e impertinente. Sabe lidar com a imprensa da mesma forma como lida com os atletas.
Julinho tem tudo para seguir o caminho de Mano Menezes e Tite, os últimos estudiosos da bola que trabalharam no Olímpico. Odone sabe disso, tocou nas taças que Julinho levou para o Grêmio e tomou coragem. Deixou o medo da pressão e resolveu apostar no cara que começou a admirar em 2005. Com apoio ou sem apoio, escolheu um ex-colorado com alma gremista.
> Campanha entre profissionais
Caxias - 38 jogos (2010)
20 vitórias, 12 empates, 6 derrotas
63% de aproveitamentoNovo Hamburgo - 12 jogos (2011)3 vitórias, 8 empates, 1 derrota
47,22% de aproveitamento
* Em 2008,
treinou o grupo profissional do Grêmio em um jogo, entre a saída de Mancini e a chegada de Roth. Vitória sobre o Canoas por 1 a 0, com gol de Roger.
> Ficha técnica
Nome: Júlio Camargo
Data de nascimento: 12/01/1971
Naturalidade: Porto Alegre
Clubes: técnico das categorias de base do Grêmio (1989-1991 e 2005-2009) e Inter (1994-2000), das equipes principais de RS Futebol (2001-2003), Brasil-FA, Veranópolis (ambos 2004), da seleção gaúcha sub-20 (2002) e seleções sub-20 e sub-23 do Kuwait (2003-2004), e auxiliar-técnico no Vitória (2009), técnico no Caxias (2010) e no Novo Hamburgo (2011), auxiliar técnico do Inter (2011).
Principais títulos: campeão gaúcho, brasileiro, latino-americano e mundial da equipe sub-15 do Inter, em 2000; tricampeão gaúcho de juniores pelo Grêmio (2005-2007); campeão da Copa RS pelo Grêmio (2006) e de torneios no Japão e na Itália, também pelo Grêmio (2005) e campeão gaúcho do Interior com o Caxias (2010)
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