Os 57 minutos de intervalo do final do jogo contra o Avaí até a manifestação de Renato em entrevista coletiva, na sala de conferências do Olímpico, na noite de quarta, foram ocupados com uma conversa séria entre ele e a direção do Grêmio, que tratava de sua saída do clube. O ídolo tricolor não se viu mais em condições de dar sequência ao trabalho após os resultados ruins e o desempenho do time abaixo do esperado. Um dia depois, na despedida, o comandante admitiu que as declarações do presidente Paulo Odone contribuíram para a decisão.

— Eles foram no hotel falar comigo, eu até poderia mudar meu rumo, mas essa foi a decisão que eu tomei, principalmente depois da entrevista do presidente — admitiu Renato, emocionado, na mesma sala em que ontem deixou aberta sua situação.

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Os diretores de futebol do Grêmio foram até o hotel que Renato fica hospedado em Porto Alegre para tentar convencê-lo a permanecer. Pediram para que ele pensasse melhor, de cabeça fria. Mas não houve mudança. O técnico decidiu mesmo sair.

— No momento que cheguei aqui ano passado eu queria ver meu time do coração subir na tabela. Me dediquei esse tempo todo, dei o máximo de mim, fiz novas amizades, formamos um grupo maravilhoso, que não canso de defender. Espero que o próximo treinador dê continuidade ao trabalho — disse Renato.

Em entrevista após o empate em 2 a 2 com o Avaí, Odone declarou que não garantia nada em relação ao futuro de Renato. E anunciou mudanças que seriam definidas em reunião na quinta. Poucas horas depois da manifestação do presidente, o técnico foi informado sobre o conteúdo.

Renato: "O grupo é forte"

— O Renato é um belo cidadão, um cara de boa fé, gremista, de peito aberto. Isso ele é. Ele fez uma trajetória magnífica no Grêmio. O trabalho que ele fez no ano passado foi fantástico, mas ele está vendo que a base que reagiu tão bem com ele no ano passado está falhando. Talvez os mesmos jogadores, essenciais, não estão rendendo o mesmo. Por ter essa certeza, acho que todas as decisões que tomarmos tem que ser amanhã, passado o calor deste jogo — disse o presidente.

No Olímpico, a torcida compareceu em bom número na tentativa de ver o ídolo desistir da sua decisão de sair do clube. O que não aconteceu. Renato chegou ao estádio por volta das 14h40min, desceu do carro ouvindo gritos pedindo para que ele ficasse no Grêmio, junto com gritos contra o presidente Odone.

Torcedores cercaram carro de Renato e pediram a permanência do treinador

Depois de sua despedida em entrevista à imprensa, que durou cerca de cinco minutos, ele abraçou o vice de futebol Antônio Vicente Martins e foi embora. Se dirigiu ao estacionamento, entrou no carro e saiu do estádio. Mas, desta vez, a massa de gremistas quase o impediu. Alguns se abraçaram no veículo, e sempre aos gritos para que ele ficasse.


GRÁFICO: a trajetória de Renato em 10 momentos