Nem sempre a estatística evoca verdades absolutas, mas neste caso não há discussão.

Se o Grêmio leva mais gols do que o Juventude no Campeonato Gaúcho, algo está muito mal encaminhado no Olímpico.

Antes da noite do golaço contra de Gílson no Jaconi, Grêmio e Juventude haviam tomado 15 gols cada. Após a derrota de 3 a 2, o placar ficou 18 a 17. Trocando em miúdos, como diria o dono do açougue ali da esquina: o sistema defensivo do Grêmio sofre mais gols do que um time da quarta divisão.

Alguém dirá: o Grêmio tem dois jogos a mais em relação ao Juventude, representante gaúcho na Série D. Foi à final do primeiro turno, enquanto o Juventude caiu nas quartas.

É verdade, mas e daí? Isso é suficiente para reduzir a intensidade do sinal de alerta? Não, obviamente. A eficiência na frente compensa o naufrágio lá atrás, e o barco segue no mar. Este é o ponto.

Em bom português, a cultura de ataque imprimida por Renato Portaluppi ao Grêmio carrega o sistema defensivo nas costas.

Repare que falei sistema defensivo, e não zaga. É errado condenar Rafael Marques, Rodolfo e mesmo Paulão, que deve estar esbanjando energia na China. Eles formam só a ponta vísivel do iceberg. O problema é mais amplo e profundo. É coletivo. Nasce lá na frente, cresce no meio-campo e estoura nos zagueiros.

O Grêmio leva muitos gols, só três a menos do que o Pelotas, e o Pelotas luta contra o rebaixamento. Mas os faz em maior número. Por enquanto, a matemática tem sido suficiente. Mas e quando começar a Libertadores de verdade (a partir das oitavas-de-final) e o Brasileirão?

O Grêmio deveria pinçar esta singela, porém alarmante, estatística e se mover. Antes que seja tarde.

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