A cada dia que passa, a direção do Grêmio vai ficando mais refém de Renato Portaluppi. Trata-se de um ''sequestro'' bom, obviamente.
 
Quem não quer ficar refém de um profissional que resolve todos os seus problemas, mesmo aqueles dos quais não tem culpa, como a saída intempestiva de Jonas?
 
Nem é o caso de lembrar o estado deplorável do vestiário que Renato recebeu quando chegou ao Olímpico trazido pelo ex-presidente Duda Kroeff. O Grêmio respirava por aparelhos na UTI e, em questão de meses, disputava a São Silvestre.
 
E este ano? Trauma de Ronaldinho, a saída de Jonas, a demora nos reforços. Renato pega os problemas e os transforma em soluções rápidas como suas arrancadas quando jogava para eternizar a camisa 7. Em tempo: TODAS as soluções dão certo.
 
Em tese, Borges e André Lima era uma dupla para dar errado. São dois jogadores de área, que ocupam o mesmo lugar de definição ofensiva. Seria razoável que o rendimento de André Lima caísse com o novo parceiro.
 
Seria, mas não com Renato. Com Renato, André Lima parece evoluir a cada jogo como atacante de movimentação.
 
Ontem, no 5 a 0 sobre o Ypiranga, e antes, no 3 a 0 diante do Oriente Petrolero: que falta Jonas fez? Nenhuma. Renato resolveu mais essa equação que parecia de impossível resolução, ao menos no curto prazo.
 
O problema de tantos acertos é quando algo der errado.
 
Vai ser difícil para a direção apontar um eventual erro de Renato, que vai se revestindo de um poder impressionante: o dos resultados. E resultados conquistados diante de dificuldades extremadas de montagem de time e com ótimo futebol.
 
Renato caminha para tornar-se intocável no Grêmio. Se o time mantiver o padrão — e nem precisa ser um padrão tão alto como contra o Ypiranga —, é o problema dos sonhos de qualquer dirigente. O complicado, repito, virá no momento em que o encanto se quebrar.
 
Bem, mas do jeito que o maior ídolo da história do clube vai solucionando todos os problemas que surgem pela frente, sempre tomando as decisões mais lúcidas e acertadas — o uso de titulares no Gauchão, por exemplo —, esta é uma possibilidade remota neste momento.
 
É alvissareiro o horizonte do Grêmio sob o comando de Renato e de seu time, que a cada dia joga melhor, seja qual for a escalação ou o esquema. A diferença tricolor está na casamata, e não no campo.