Em contraste aos últimos dias, de muitos silêncios, murmúrios, caras amarradas e conversas desenvolvidas aos cochichos, numa espécie de constrangimento coletivo, a segundafoi de sorrisos, piadas, brincadeiras e até mais gente se arriscando a acompanhar a gargalhada alta do funcionário Rosalvo, o folclórico Chuva. Nas palavras dos próprios jogadores, a confiança parece ter voltado ao estádio com os 5 a 0 acachapante aplicado no Inter-SM, domingo à noite.

— O mais importante foi que, desta vez, conseguimos fazer e não levar. Isso foi o principal. Quer dizer, levar gol é uma coisa que acontece, não é que houvesse desatenção, mas a gente não pode relaxar. Desta vez deu tudo certo — comemorou o artilheiro da noite, com três gols, e da temporada, com nove, Júlio Madureira.

O atacante não escondia a satisfação por ver-se livre até de uma situação de estranho desconforto. Embora ele houvesse balançado a rede nas três partidas anteriores, o time não conseguira nada além de dois empates e uma derrota.

– Este ano o jogo está fluindo bem para mim, a fase é boa. Só podia estar um pouco melhor no coletivo. Mas ontem (domingo), já foi diferente.

Madureira não esquece as dificuldades para firmar-se na equipe desde que chegou como uma das principais contratações para a Série C e acabou afundando com o clube inteiro no segundo semestre de 2010. A recuperação começou ainda no final do ano passado, quando convenceu o então técnico Beto Almeida de que merecia ser mantido no grupo para uma chance de recuperação.

– O principal foi a preparação física. Não que no ano passado não estivesse bom, mas não consegui entrar na linha aqui. Só que depois o (preparador físico Rodrigo) Squinalli montou um planejamento bom e o Picoli cuidou muito bem da parte técnica. E tem a confiança, né. A bola está entrando.

O goleador, porém, reforça:

– Mas a parte física é o principal. Eu precisava de um apoio extra e o Squinalli vestiu a camisa. Agradeço ao Picoli, também, pela confiança.

Depois de um jogo em que marcou (três vezes) e o time finalmente venceu, a consagração foi aparecer em rede nacional, no programa Fantástico, da Rede Globo, pedindo música do grupo gospel Toque no Altar.

– Para abençoar todo o grupo – explicou o jogador.

Não deixou de servir como uma lembrança dos tempos em que o próprio clube era assíduo frequentador do noticiário esportivo de todo o país. Ainda que por um breve momento, um belo motivo para voltar a sorrir.

Nesta quarta, às 20h, essa confiança estará em campo contra o Grêmio, no Alfredo Jaconi. O Juventude precisa da vitória para buscar espaço entre os quatro melhores da Taça Farroupilha. Atualmente, a equipe da Serra, no 5º lugar, tem cinco pontos em quatro jogos, enquanto o Tricolor, em 3º, possui nove pontos.