Esportes | 05/03/2011 18h15min
Antes mesmo de assumir seu cargo no departamento de futebol do Grêmio, Antônio Vicente Martins enfrentou uma fase que foi curta, mas complicada, de divergências de opiniões com a gestão que estava de saída no final de 2010 e também com Renato. O debate sobre possíveis contratações e dispensas irritou o treinador. O tempo passou, o assunto foi resolvido, e hoje o vice de futebol exalta a boa relação entre a direção e a comissão técnica.
Em dois meses de trabalho, Vicente considera que o ponto mais positivo da gestão presidida por Paulo Odone é a tranquilidade no vestiário. Lugar sagrado para um clube de futebol, no entendimento dele.
— É uma zona sempre conflituosa, e acho que a gente consegue conduzir com tranquilidade, sem nenhum tipo de exposição. Temos resolvido pequenos problemas internamente, sem dar visibilidade, e com um jeito muito ágil, com um tom sereno nisso tudo — destacou.
Com Renato, tudo certo. Perto do encerramento do contrato do técnico, no final do ano passado, a direção que assumiria em 2011/2012 já começou a tratar da renovação. O novo vínculo foi firmado sem multa nem prazo de término.
— Isso é um outro ponto positivo. A gente conseguiu construir uma boa relação, acho que o Renato hoje tem uma relação de confiança bem consolidada conosco, e nós com ele. É uma relação que se construiu e que se constrói a cada momento — disse.
Vicente com reforços para a temporada 2011 e Renato.
Foto: Tatiana Lopes
Algumas divergências existem, e no entendimento de Vicente, são normais. Uma delas ocorreu durante a primeira fase do Gauchão, quando Renato tornou público seu desejo de não viajar com a delegação para jogos no Interior. Já a direção opinou que ele deveria sim acompanhar o grupo. No fim, um acordo entre as partes resolveu o impasse. O técnico só não esteve presente no Gre-Nal de Rivera. Quem comandou a equipe reserva foi o auxiliar Roger.
— Não quer dizer que não tenha divergências internas, que não tenha debate entre a direção, mas isso é tranquilo — afirmou.
Muita conversa
Vicente define que a atual gestão ouve e conversa muito. Projetos, definições, tudo parte de muita conversa até que se chegue a um consenso.
— Num primeiro momento nossa política foi de ouvir muito. Ainda é muito isso, conversamos, ouvimos as pessoas, e quando temos que decidir, sentamos e fazemos o posicionamento — disse.
Trocas de ideias com os antigos assessores de futebol, Alberto Guerra e Rui Costa, também ajudaram na transição de poder. Ainda hoje, Vicente conversa eventualmente com o ex-presidente Duda Kroeff.
O desgaste chamado Ronaldinho
Não é como um ponto negativo da gestão que Vicente define o caso Ronaldinho. Para ele, houve sim o desgaste de uma negociação que era dada como certa e, de repente, não era is. Isso por várias vezes.
No fim, Ronaldinho trocou o Milan pelo Flamengo.
— Foi desgastante do ponto de vista físico, emocional. O negócio se ajustava e acabava não se concretizando. Estávamos sendo claros, transparentes. Fechávamos o contrato, e daqui a pouco nos avisavam que não estava mais fechado — explicou.
Foto: Diego Vara
A pressão que um dirigente enfrenta
Vicente já trabalhou no departamento de futebol em 2000, depois de deixar o setor jurídico. A principal diferença sentida por ele na troca de função foi a pressão, que aumentou consideravelmente.
— Tem uma pressão, uma visibilidade muito maior em tudo, a todo o momento. O que mudou também da época em que eu fui vice-presidente, é que hoje o torcedor tem a possibilidade de ter muito mais contato via internet — destacou.
É através das redes sociais - Twitter e Facebook - que Vicente também aproveita para conferir o que os torcedores pensam e têm a dizer. Quando acha necessário e relevante, entra no debate, esclarece algumas dúvidas que surgem sobre o clube.
— É interessante, mas por vezes isso até pode ser meio invasivo, as pessoas criticam de uma forma mais grosseira — comentou, citando também o lado ruim da exposição na internet.
— Eu, pessoalmente, tenho um jeito muito tranquilo de lidar com a crítica, não recebo eventualmente "uma porrada" como se fosse uma ofensa de natureza pessoal, e isso facilita as coisas — completou.
Vicente é advogado, e concilia seu trabalho no escritório, com o atendimento a clientes, com o de vice de futebol do Grêmio. Mas ele garante que é possível dar a atenção necessária para tudo.
— Isso também faz parte. O presidente (Odone) também tem sido compreensivo nesse sentido — apontou.
Sequência no trabalho
O planejamento para a sequência da disputa simultânea entre Gauchão e Libertadores deve seguir. O grupo do Grêmio foi dividido para melhor aproveitamento das duas competições. O objetivo é conquistar os dois títulos, apesar de ninguém esconder pelo pátio do Olímpico que a competição continental é a principal do primeiro semestre.
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