Não soou como corneta. E também não foi para tripudiar da desgraça alheia. O Narrador Kanhanga, autor do Rap do Mazembe, não quis nada disso ao publicar na internet um clipe de improviso falando sobre a derrota colorada no Mundial de Clubes. O angolano da cidade de Lubita, que mora há cinco anos em Porto Alegre, aproveitou a ocasião para homenagear e exaltar o futebol de seu continente. O que ele sentia é que todos já falavam sobre a final com a Inter antes mesmo de passar pelo Mazembe.

– O objetivo foi de se vangloriar do feito do futebol africano. Não foi para desmerecer o Inter, foi com o espírito de que um clube da África também tem condições de conquistar o mundial – disse o rapper sobre a composição feita em menos de 15 minutos logo após o jogo e que já teve mais de 65 mil exibições no Youtube.

Confira no vídeo abaixo um bate-papo exclusivo com o Narrador Kanhanga e o recado de apoio aos colorados:

Com o tempo que já tem em Porto Alegre, desde que cursou Administração de Negócios Internacionais, no IPA, Kanhanga já sentiu que a rivalidade Gre-Nal é forte. Nessa semana ele foi à uma loja comprar um tênis e foi atendido por uma vendedora colorada que questionou de onde vinha o seu sotaque. Respondeu que era angolano. Ela ainda tentou convencê-lo a apoiar o Inter no Mundial, mas não conseguiu. Ontem, assistiu ao jogo na produtora, localizada na zona norte, onde a maioria é de gremistas. Mas não colaborou com a secação ao Inter, e sim com torcida pelos vizinhos da República Democrática do Congo. Só que mesmo com amigos tentando puxá-lo para o lado tricolor, ele mantém sua convicção clubística em território brasileiro:

– Sou santista. Eles me xingam aqui na produtora, dizendo que tenho que ser gremista ou colorado. Mas o Santos foi o primeiro time brasileiro que vi jogar. Era aquela equipe de 2002, que tinha Robinho, Diego, Elano – lembra o rapper, cujo CD será lançado em breve.

Em Angola, o músico Geraldino Canhanga do Carmo da Silva cresceu torcendo para o 1º de Agosto, da capital Luanda, pois não há o costume de torcer para o time da própria cidade. Mais recentemente dedicou a simpatia ao Acadêmico de Lubita, de sua cidade natal na província de Benguela.

– A paixão pelo futebol em Angola é diferente da daqui. Lá os torcedores não morrem por causa de um time como acontece aqui.

Confira o rap em homenagem ao Mazembe: