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Esportes  | 03/12/2010 06h30min

Alex: "Quando falo em voltar para o Brasil, sempre penso no Inter"

Meia do Spartak considera o time de 2010 mais experiente do que o de 2006 para o Mundial

Diego Guichard  |  diego.guichard@zerohora.com.br

Em 2006, Alex era um dos principais jogadores do Inter de Abel Braga. Hoje, aos 28 anos, é o capitão do Spartak, da Rússia. O canhotinho de chute potente lembra com muito carinho da camiseta colorada e dos títulos importantes que conquistou pelo clube gaúcho. Sem tempo definido ou proposta concreta, pretende sim voltar ao futebol brasileiro. E a prioridade é o Inter.

Em entrevista para o clicEsportes, Alex conta como tem acompanhado o Colorado, fala de Mundial de Clubes e também da Copa do Mundo que será realizada na Rússia, em 2018.

Recebeu recentemente proposta para voltar ao futebol brasileiro?
Alex –
Tenho mais três temporadas de contrato com o Spartak. Não tive um contato mais forte com um clube brasileiro. Mas sabemos que hoje está cada vez mais possível repatriar atletas. O Elano acabou de voltar. Há a possibilidade de assinar bons contratos no Brasil. O problema é tirar jogadores daqui, mas contatos em si acontecem.

Tem vontade de voltar para o futebol brasileiro?
Alex –
Não só tenho vontade, como vou voltar. Não sei quando.

Gostaria de vestir novamente a camiseta do Inter?
Alex –
Quando falo em voltar para o Brasil, sempre penso no Inter.  A não ser que o pessoal não queira. Não preciso falar do sentimento que tenho pelo clube. Claro que também tem que ver espaço na equipe. Volta e meia falo com o Fernando Carvalho. Tenho contato muito com o Vitorio Piffero ou Giovanni Luigi também. Essa porta está escancarada. Oficialmente, não há nada. 

Foto: SMG/DVG

Como vê o Inter disputando um novo Mundial de Clubes, agora em Abu Dhabi?
Alex
– Que bom que é em Abu Dhabi. Os jogadores não irão passar pelo frio do Japão. É um orgulho ver a equipe dando sequência a uma história vitoriosa.

Qual decisão seria mais difícil? Contra o Barcelona ou uma possível final diante da Inter de Milão?
Alex – Não faço comparações de equipes. Pouca gente acreditava na gente, naquele momento, mas vaio ser difícil da mesma maneira. Futebol é momento. Não sei se a gente tinha um time tão experiente como o de hoje, mas se vencemos o Barcelona, é porque era um grupo qualificado.
Se conquista o título, é porque estava preparado. Se não, virão os questionamentos. O Inter é uma equipe pronta, preparadíssima.

Em 2006, o Alexandro Pato foi a grande surpresa. E para este ano, quem será?
Alex –
O Pato surgiu muito forte. Mas acho que a surpresa maior foi o Gabiru. Foi muito bacana ter tido um cara tão simples fazendo um gol do título. O Inter hoje tem muitos jogadores experientes. O diferencial pode ser o Rafael Sobis, que ganhou a Libertadores daquele ano e saiu. Tem o Oscar, que está comendo a bola, e o Giuliano. Também pode surgir um novo Gabiru. O importante é que o Inter irá muito bem dirigido pelo Celso Roth.

Como você analisa a Inter de Milão?
Alex –
É um baita de um time, acabou de ganhar a Liga dos Campeões, mas trocou de treinador. Vai jogar pela segunda vez contra o Inter. Como perdeu o primeiro jogo, na Dubai Cup, terá uma preparação diferente. Eles virão muito mais fortes por já conhecerem o Inter. Quando chegamos no Mundial de 2006, não conheciam exatamente o clube. Eles queriam tanto a internacionalização? Aconteceu. Mas o primeiro jogo do Mundial é o mais difícil. Não tem como pensar no segundo, sem o primeiro.

Neste ano, a prioridade do Inter sempre foi o Mundial e o Brasileirão ficou em segundo plano. Como foi em 2006?
Alex – Terminamos em vice em 2006. O nosso time atingiu um nível de maturidade que conseguíamos vencer sem fazer muita força, até quando não atuávamos bem. Acabamos largando o Brasileirão nas últimas cinco rodadas, quando o São Paulo disparou. Claro que a a gente pensava no Mundial. Todos tinham aquele medo de se lesionar.


Foto: SMG/DVG

Como repercutiu a escolha da Rússia como sede da Copa?
Alex –
Repercutiu bem em todo o país. Vejo de forma muito adequada por ser uma nação em desenvolvimento, que está começando a se remodelar. O povo russo precisa disso. Tem tudo para ser uma grande Copa do Mundo. Acho que é algo que a a Fifa fez pensando nisso. É muito mais importante para a população do que para o futebol em si.

O que precisa ser feito no país em relação a infra-estrutura?
Alex –
Muita coisa precisa ser feita, se pensarmos na Rússia como um Brasil bem piorado. No Interior, percebemos tudo muito simples, antigo, velho. É perceptível essa falta de estrutura social. Isso sem falar em Moscou, especificamente, que é uma grande metrópole. A capital terá estádios novos e reformas em aeroportos. Mas veremos mais resultado em cidades menores.

O que significa essa Copa para o futebol no país?
Alex –
Para o futebol russo será maravilhoso. É um esporte que está buscando essa evolução. Está muito mais forte, mais apaixonante. No país, hoje, o hóquei no gelo é mais importante, antigo e histórico. Com a competição mundial, investidores deverão apostar no futebol local, o que vai deixar o campeonato russo muito mais competitivo. Atualmente, só temos sempre cinco ou seis equipes que realmente disputam o título nacional.

Qual o nível do campeonato russo em comparação com o brasileiro?
Alex –
O Brasil está muito na frente em termos de qualidade e organização. Hoje, por regra, cinco russos necessitam estar em campo os 90 minutos, obrigatoriamente. Com esse limite, acaba atuando um jogador nativo por falta de opção. Fica cômodo para esse atleta e o time fica desequilibrado tecnicamente. Isso deve mudar. Os futebol daqui não tem um trabalho de base forte para produzir esses profissionais de maior qualidade. No Brasil, existe uma estrutura desde cedo nos clubes, no qual os atletas começam a treinar com oito anos.

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