Juliano Schüler
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Toda a semana, clicEsportes conversa com ex-jogadores da dupla Gre-Nal que hoje brilham em gramados distantes do Rio Grande e do Brasil. Depois de Carlos Eduardo, Sandro e Lucas, a série tem sequência com o atacante Walter, ex-Inter, atualmente no Porto.
O atacante Walter passou por um limbo de 10 dias sem saber para onde ia depois da certeza de que não atuaria mais pelo Inter. No início de julho o destino era o futebol ucraniano. Havia indefinição. Mas na segunda quinzena daquele mês veio a confirmação: jogaria pelo Porto, de Portugal. Para o jogador, que começou 2010 como promessa no time titular na campanha da Copa Libertadores, esse episódio gerou certa mágoa:
– Foi muito difícil quando eu vim para cá e o Inter não queria me liberar. Fiquei 10 dias aqui e não podia me apresentar ao Porto, também não sabia se ia para a Ucrânia. A demora na liberação foi o mais complicado – disse Walter em entrevista por telefone ao clicEsportes. – Eu dou graças a Deus que saí de Porto Alegre. Aqui eu estou me sentindo muito bem e não quero nem voltar para o Brasil tão cedo – completou.
Foto: Bertrand Langlois, AFP
Para o atacante do Porto, o clube não o valorizou o suficiente e deixou de lado o que ele fez na campanha do bicampeonato, pela qual também se sente responsável. Foi de Walter o gol da classificação colorada às quartas de final na vitória por 2 a 0 sobre o Banfield, no Beira-Rio.
– Fiquei chateado nesse episódio da saída do Inter. Acho que esqueceram das coisas que fiz pelo Inter, como o gol no Banfield, por exemplo. Eu me sinto parte desse título da Libertadores, mas muita gente não reconhece isso. Mas o Bolívar sempre me diz que tenho participação nisso, assim como o Damião. Falo muito com os dois por telefone, e também com o lateral Nei – contou.
Apesar disso, lembra do clube e de uma pessoa em específico com gratidão:
– Só que eu também tenho muito a agradecer ao Inter e ao Fernando Carvalho. Sei que ele ficou chateado comigo algumas vezes, o considero muito, é uma grande pessoa.
Foto: Fernando GomesWalter acompanhou à distância o desfecho da Libertadores e vibrou com o amigo Leandro Damião.
– Fiquei muito feliz pelo Leandro Damião ter feito o gol na final. E mais feliz ainda por saber que ele lembrou de mim naquele dia. Tenho uma grande amizade com ele.
Foto: Divulgação, site oficial do FC Porto
Do outro lado do Atlântico, Walter se contaminou com o clima do Gre-Nal 383 e lembrou da festa que a torcida colorada sempre faz nos clássicos. Chegou a propor uma aposta com o lateral uruguaio Alvaro Pereira. Como deu empate, cada um ficou com o que havia colocado em jogo.
Desde a chegada ao Porto, o jogador se diz muito grato também aos brasileiros que encontrou no clube. Walter conta que é comum se reunir com os compatriotas como Hélton, Hulk, Maicon, Fernando e Souza. Até agora o atacante marcou três gols pelo Porto, justamente na partida que começou como titular. Foi na partida do dia 16 de outubro, na vitória de 4 a 1 sobre o Limianos – clube da quarta divisão –, pela Taça de Portugal. Pelo Campeonato Português, não é tão lembrado pelo técnico André Villas Boas.
– Até agora no Português não joguei uma partida inteira. Tenho entrado nos últimos 10 ou 15 minutos das partidas.
Foto: Divulgação, site oficial do FC Porto
A rotina também mudou para Walter. Quando estava no Beira-Rio, a dedicação aos treinamentos era maior, às vezes com trabalhos em dois turnos. Em Portugal, comemora o fato de ter mais tempo para ficar perto da família.
– Nós treinamos um turno apenas, todos os dias pela manhã. No Inter tem trabalhos em dois turnos em pelo menos dois dias da semana. Aqui treinamos forte pela manhã e podemos passar a tarde e a noite com a família, o bom é isso. Nos dias de jogos a gente começa a concentração no dia da partida mesmo. Se o jogo é às 20h, chegamos às 10h para concentrar no Estádio do Dragão – relata.
Foto: Divulgação, site oficial do FC Porto
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