| 17/11/2010 17h04min
A crise e o medo de perder o emprego já passaram. Joaquim Almeida Jr, o popular Preto, "só" exigia que o Figueirense voltasse à Série A. Com 11 anos de Orlando Scarpelli, o auxiliar de "faz tudo" guarda boas histórias sobre o seu tempo de clube.
Hoje, com o retorno do clube à elite, já dá para falar sobre a partida contra o Bahia, jogo em que o Figueira venceu por 1 a 0, apesar de ter massacrado o adversário durante os 90 minutos. Preto, além de cortar a grama, tirar a rede das traves, cuida das bandeiras e fecha tudo após o jogo. Também dirige o carro-maca.
— Quando o Figueirense está perdendo, a maca vem mais rápido. Mas, se está ganhando, aí é diferente. A marcha começa a trancar. Contra o Bahia, um jogador deles ficou no chão e eu entrei. Até poderia ter saído pela lateral, mas fui pra linha de fundo, demorando mais. O atleta deles ficou pedindo pra ir rápido — contou aos risos.
A situação do clube, disputando a Segunda Divisão, enquanto o rival está na Primeira Divisão, lhe incomodava. E muito.
— Ninguém quer ficar lá embaixo, ainda mais com o Avaí na Série A e nós na Série B.
Ansiedade para atuar em jogos mais agitados
O Figueirense, depois de dois anos, está novamente na Série A. Preto, finalmente, vai poder trabalhar em partidas mais movimentadas:
— Todo mundo vem na ansiedade de trabalhar e ver um Vasco, um Flamengo. É lindo ver o estádio cheio, a festa da torcida — comenta o funcionário alvinegro.
Tratamento vip: como se fossem um Pelé
Este personagem é aquele que todo torcedor alvinegro conhece, sabe o nome, mas não sabe exatamente o que ele faz. Muitos já o confundiram com um jogador, já que ele sempre sai no pinote do banco para buscar o atleta que o treinador vai colocar na partida.
Com umas cervejas na cabeça, na época em que era liberada, a torcida franzia a testa e perguntava: "quem é esse baixinho?". Oras, é o Ceará, massagista do Figueirense.
Na identidade está Otávio Bezerra Dias, 61 anos, mas é mais conhecido, e reconhecido, pelo apelido. Sua chegada no clube foi em 1983. De lá pra cá, saiu e voltou muitas vezes.
— O Figueirense é a minha casa — afirma o massagista.
Viajando com os atletas, Ceará possui uma relação de bastante amizade com o grupo.
Vai ver é por isso que, até nas palavras, os trata com um carinho especial.
— Nós temos que cuidar dos jogadores como uma pedra de ouro, como uma esmeralda, um diamante. Sempre da melhor maneira, já que o jogador é o nosso suporte também. Se junta dois ou três atletas, aí já não fica legal. A partir do infantil, a gentetrata como se fosse um Pelé — exagera.
Presente no acesso de 2001, Ceará viveu a fase de Márcio Goiano jogador e, agora, como treinador do clube.
— Como jogador, era um xerifão, um jogador espetacular, meu amigo, meu parceiro. Hoje, como treinador, ele está na postura de chefe, e a gente tem que respeitar mais, não que não respeitasse antes, mas hoje ele é o comandante da equipe.
O rebaixamento, em 2008, baqueou o massagista, mas disputar a Série B, mesmo com as suas dificuldades, serviu para unir ainda mais as pessoas dentro do clube.
— A Série B é uma competição de pegada. Financeiramente, não é boa para os clubes, para o patrocinador. Aquele fera, foge. Mas o Figueirense é um time que se planeja, que montou um time para chegar. E chegou!
Alvinegro em tempo integral
Não é fácil trabalhar com futebol. Há 11 anos, Genivaldo Costa, de 51 anos, é massagista no Figueirense.
Ele chegou ao clube por uma indicação. Com isso, aumentou consideravelmente a sua carga de trabalho, já que faz plantão no Hospital Celso Ramos, na Capital, no esquema de trabalhar 12 horas e folgar 48 horas.
— Algumas vezes, eu venho direto do plantão, que termina às 7h, para o treino — disse.
Massagista não se importa de trabalhar tanto
O começo foi nas categorias de base, viajando duas vezes com o grupo que disputou a Copa São Paulo de Futebol Júnior. A partir daí, foi para o profissional. A dupla jornada, agora, Genivaldo tira de letra, principalmente com o retorno do time à Série A do Brasileirão.
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