Ao lamentar a eliminação do Brasil na Copa do Mundo da África do Sul, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se queixou das falhas do goleiro Julio Cesar e do volante Felipe Melo na derrota por 2 a 1 para a Holanda. Em conversa informal na manhã deste sábado com jornalistas, antes de um encontro com presidentes africanos em Cabo Verde, Lula contou que não conseguiu dormir bem após a eliminação do time de Dunga.

– Foi difícil dormir. Não estou bem, não. Vai demorar meses para me recuperar – disse.

Embora tenha citado os dois jogadores nas reclamações, Lula evitou apontar culpados pelo fracasso brasileiro. Ele poupou até o técnico Dunga. Quando chegou à cidade de Sal, na noite de sexta-feira, o presidente disse em entrevista que o treinador fez um bom trabalho à frente da Seleção. Além disso, afirmou que iria torcer agora pelos vizinhos do Mercosul, inclusive pela Argentina. Em conversas reservadas, porém, o presidente admite que não será fácil torcer pelos tradicionais rivais.

A derrota da Seleção Brasileira para a Holanda enterrou o sonho de Lula de entrar na lista dos presidentes "campeões". Um dos poucos presidentes brasileiros que demonstraram gostar de futebol, Lula já havia "perdido" em 2006. Os dois antecessores dele – Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso, em 1994 e 2002, respectivamente – tiveram a oportunidade de recepcionar no Planalto seleções campeãs. Juscelino Kubitschek, em 1958, João Goulart, em 1962, e Emílio Garrastazu Medici, em 1970, também tiveram a chance de posar com a taça da Copa do Mundo.

Convidado de honra da Cúpula da Comunidade Econômica dos Estados da África do Oeste, organismo que reúne em Cabo Verde representantes de 13 países, Lula voltou a fazer comentários sobre a Copa ao citar a contribuição dos africanos para a cultura e o futebol brasileiros. Em discurso de improviso, o presidente disse que o sucessor precisa manter a política de aproximação com a África.

– Independentemente do Lula ser presidente do Brasil, quem governar depois de mim estará moralmente, politicamente e eticamente comprometido a fazer muito mais – disse.

Lula citou parcerias nas áreas de pesquisa, ensino, agricultura e comércio e viagens que fez pelo continente africano.

– A aproximação com a África já não é uma coisa de benevolência, mas uma decisão de Estado – afirmou.

Na visita a Cabo Verde, Lula anunciará o perdão de uma dívida de US$ 3,5 milhões do país africano, segundo diplomatas do Itamaraty. No 11º giro pela África desde que assumiu o governo em 2003, Lula pretendia se despedir do continente africano com mais um título brasileiro. Ele estará em Johannesburgo na final do torneio, no dia 11, como representante oficial do país que sediará a próxima edição do torneio.