| 27/04/2010 07h54min
A curiosa frase de Hugo talvez seja a melhor definição para a estreia de Neuton no Gre-Nal do Beira-Rio, domingo passado.
— Até parece que ele atuou com uma bolsa de gelo nas costas — brincou o meia, espantado com a frieza do garoto de 20 anos.
É com igual indiferença que o guri de Erechim encara o desafio de pisar o gramado do Maracanã na quinta-feira, contra o Fluminense, pela Copa do Brasil. Como no Gre-Nal, quando procurou manter-se alheio ao ambiente, Neuton tentará esquecer que se trata de um dos chamados palcos sagrados do futebol. Quer mesmo é entrar “focado no jogo” e ajudar a anular Fred, atual centro das preocupações no Olímpico.
— Não adianta nada fazer uma partida boa e depois cair — entende.
Ontem, durante a aula de violão que frequenta junto com Mithyuê, ele começou a sentir os reflexos do clássico: ouviu a bronca da mãe colorada de um aluno, indignada com sua atuação. À tarde, ao passar em uma loja da Azenha para revelar uma foto da família feita no Réveillon, precisou tirar fotos com fãs. Demorou tanto que perdeu a hora para cortar o cabelo.
Junto com a frieza, o bom humor é característica do garoto trazido em 2007 do Ypiranga, que relutou em ficar no clube por saudades da família. Ele acha divertida a confusão criada sobre a pronúncia de seu nome. Mais complicado, diz, somente a de Mithyuê.
— Esse não pode pegar no meu pé. Duvido que alguém escreva certo o nome dele — sorri.
Para não dizer que jogar um Gre-Nal foi equivalente a disputar uma pelada com os amigos, Neuton admite ter ficado um tanto nervoso quando soube de Silas que atuaria:
— De noite, tudo que é tipo de filme passou na minha cabeça. Domingo, acordei cedo e não consegui mais dormir — admitiu.
A nota atribuída a Neuton por Zero Hora foi superior à do próprio jogador. Enquanto o jornal deu 8, o jogador acha que merecia, no máximo, um 7.
— Fiz algumas faltas desnecessárias. Acho que não fui tão bem assim — avaliou.