| 05/12/2009 03h38min
De sua casa, em Santiago, Figueroa atende ao telefone. Aguardava o sorteio da Copa. Queria ver o grupo do Chile. O assunto não é o Mundial da África do Sul, mas a final de Copa para nós, gaúchos. Porque o Brasileirão será decidido neste domingo em uma espécie de Gre-Nal.
Que preservem os jogadores. Envolvido em novo episódio eleitoral, desta vez no Nacional, seu ex-clube, Hugo de León, 51 anos, segue atento às coisas do Grêmio. De Montevidéu, o capitão do Mundial de 1983 pede que não se transfira ao time a missão de decidir o que é melhor para a instituição.
Aos 63 anos, Don Elias esteve atento à polêmica da semana entre colorados e gremistas. Deseja ver o seu Inter campeão, é claro, mas teme pelo destino dos jogadores que o Grêmio mandará a campo no Maracanã, diante de Petkovic, Adriano e de pelo menos 85 mil flamenguistas, e 102 países que assistirão ao vivo à partida.
– Conheço como poucos a rivalidade Gre-Nal. Lamento pela situação dramática em
que estes meninos jogarão sem poder
vencer. Qual menino brasileiro que nunca sonhou em jogar num Maracanã lotado? Se eles perderem, dependendo da maneira como perderem, poderão ficar marcados por não terem se esforçado ou por fazerem um vexame. Se ganharem, serão odiados pela própria torcida – comentou Figueroa.
Cada palavra de Figueroa parece ser medida para não ofender ninguém. Na conversa, ele recorda que nos anos 60 e 70 já se falava sobre times que não jogavam tudo o que poderiam para prejudicar o rival, ou atletas que eram acusados de “corpo mole” em determinadas partidas – até mesmo alguns jogadores do seu Inter, comenta. Mas, avisa: não há jogador que entre em campo para perder de propósito.
– O Grêmio jogará para vencer. Mas, caso alguém pense que deva fazer o contrário, darei um conselho: no final, quem sofre é a família, é o filho quando vai à escola, são os pais com a vizinhança. Entregar o jogo é ficar marcado para sempre – disse.
Por tudo isso, Figueroa acredita no
título do Inter. Quer ser chamado pela
direção para a festa do tetracampeonato.
– Acredito em vitória do Grêmio no Maracanã porque o futebol é perfeito, e é perfeito porque não é óbvio – ensinou.
Que preservem os jogadores. Envolvido em novo episódio eleitoral, desta vez no Nacional, seu ex-clube, Hugo de León, 51 anos, segue atento às coisas do Grêmio. De Montevidéu, o capitão do Mundial de 1983 pede que não se transfira ao time a missão de decidir o que é melhor para a instituição.
Primeiro, ele sorri, ao afirmar que acompanha essa confusão toda. Dá um depoimento típico de quando defendia Grêmio, Santos, Corinthians e Botafogo.
– O problema é de quem foi eleito para comandar. Eles é que precisam delinear a situação. Os jogadores não podem ficar expostos – prega o ex-zagueiro, que participou do primeiro turno da eleição uruguaia, dia 25 de outubro, como candidato a vice pelo Partido Colorado.
O espírito do esporte, lembra De León, recomenda que
sempre se entre para ganhar. Mas, por não se ver envolvido na
situação, ele prefere não falar em hipótese. Nem sequer admite comentar sobre a possibilidade de time reserva. E, de novo, passa a responsabilidade aos dirigentes.
Para tanto, De León lembra de um episódio: em 1997, um gol marcado por Carrasco, do Nacional, levou o rival Peñarol às semifinais do campeonato uruguaio. O ex-meia se transformou em objeto de ira para quem antes o venerava.
– Ele só fez o que todo o jogador faz, que é agir como profissional. Ainda assim, ficou marcado negativamente pela torcida do Nacional – recorda De León.
Ainda ligado ao Grêmio, lamenta o envolvimento do clube nessa situação – que ele chama de “bico de estrada”.
– Dependendo do que acontecer, esse episódio vai durar para sempre. É uma enorme pressão da torcida, e os jogadores no meio – destaca.
O prestígio do ex-capitão volta a ser testado dia 12 de dezembro. Ele integra a chapa de oposição na eleição do Nacional. Se vencer,
será diretor de futebol, com a missão de negociar com
empresários a contratação de reforços. A política, garante, encerrou-se em outubro.
– Já fiz minha parte – diz.