Depois de 22 anos de criação, o PFL vai mudar de nome. Disposto a assumir um papel de protagonista no cenário político nacional, a legenda vai passar a se chamar Partido Democrata e promete ser um contraponto à "onda populista" na América Latina. Uma convenção nacional será realizada no dia 28 de março para oficializar a mudança de nome.

A mudança do nome foi aprovada hoje em reunião da executiva, que discutiu também uma pauta de princípios para criar a moldura de um novo partido. Um desses princípios é a defesa das privatizações. Uma primeira empresa estatal já está na mira do PFL, a Infraero, que administra os aeroportos.

- Temos uma onda de populismo na América do Sul e o contraponto ao populismo é a democracia. Logo, o contraponto aos partidos que apóiam governos populistas será o Partido Democrata - explica Bornhausen.

De olho em 2010, Bornhausen aposta na renovação dos diretórios para conquistar novas filiações e aproximar o partido do eleitor. O processo de refundação foi iniciado há dois anos, mas ganhou força após as últimas eleições, quando o partido perdeu espaço no cenário nacional, elegendo apenas um governador, José Roberto Arruda, no Distrito Federal. Uma grande derrota do partido ocorreu na Bahia, área de influência do senador Antonio Carlos Magalhães. Ganha força no partido o lançamento de uma candidatura própria à Presidência da República.

A relação do partido com o PSDB, com quem foi aliado formal nos últimos 12 anos, já apresenta algumas fissuras, uma delas exposta na eleição para a Câmara dos Deputados. O anúncio do apoio da liderança tucana à candidatura do petista Arlindo Chinaglia (SP) irritou os pefelistas, que estavam fechados com Aldo Rebelo (Pcdo-B-SP). Os tucanos voltaram atrás depois do lançamento da candidatura de Gustavo Fruet (PSDB-PR), mas o PFL manteve o apoio a Aldo. Com a eleição de Chinaglia, os dois partidos se acusaram mutuamente pela eleição de um petista. Na eleição de 2008, a divisão deve ficar mais clara, com os dois partidos trilhando caminhos distintos.

Bornhausen defendeu o nome Partido Democrata por considerar muito mais sonoro ser chamado de democrata e por facilitar a relação com o eleitor, em comparação a pefelista. Segundo ele, os filiados terão facilidade de explicar a bandeira ao eleitor. Bornhausen explica que o nome PFL é provisório até hoje no Estatuto partidário.

- Na verdade, nosso partido sempre considerou a possibilidade de trocar de nome porque PFL era uma opção provisória, agora chegou a hora de renovar - diz o presidente da legenda.

Bornhausen disse que uma convenção nacional será realizada no dia 28 de março para oficializar a mudança de nome, escolhido por uma pesquisa de opinião encomendada pelo partido. Segundo ele, no mesmo dia será escolhido o novo presidente do partido. Os diretórios regionais, municipais e nacional serão dissolvidos para dar origem a diretórios provisórios, que devem ser aprovados no dia 15 de março.

- É uma renovação das lideranças dos partidos. Estamos em busca de um modelo que permita a nossa oxigenação. Estamos partindo para uma nova etapa de busca do poder. Cabe à nova geração caminhar nessa busca - disse Bornhausen.

Segundo ele, a primeira prioridade é buscar novas lideranças nos municípios, mas isso não impede que o partido busque parlamentares com projeção nacional. Bornhausen também não descarta a possibilidade de fusão com outras legendas, mas não citou nomes. O pefelista disse ainda que a refundação do partido não significa o fim da relação com o PSDB.

AGÊNCIA GLOBO