| 03/02/2007 07h40min
O pragmatismo prevaleceu. Foco tradicional de resistência ao PT, o PMDB gaúcho não economizou energias para garantir a eleição apertada de Arlindo Chinaglia (PT-SP) à presidência da Câmara dos Deputados até 2009. Peemedebistas do Rio Grande do Sul espanaram as desavenças e embarcaram na aliança que assegurou a vitória do petista por apenas 18 votos.
Críticos do primeiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, dois deputados do PMDB personificaram a mudança de comportamento da sigla. Darcísio Perondi e Eliseu Padilha estavam entre os mais eufóricos com a eleição de Chinaglia. Padilha teve um papel no núcleo de coordenação da campanha do novo presidente da Câmara. Por determinação do comando nacional do partido, o deputado gaúcho monitorou o comportamento de três siglas: o próprio PMDB, o PP e o novato PR (ex-PL), todos integrantes da coalizão com a qual Lula pretende governar. Perondi também foi escalado para convencer deputados.
– Eu ajudei, sim, o momento é outro. O maniqueísmo do bem contra o mal tem de ser enterrado – explicou Perondi.
Nas contas de Padilha e de Perondi, o que estava em jogo era a unidade do PMDB, a consistência da base aliada do presidente e um acordo político de reciprocidade com o PT. O acerto prevê que os petistas retribuirão o apoio e ajudarão a eleger um peemedebista para comandar a Casa nos últimos dois anos da atual legislatura.
– Votamos no partido que dava melhores condições para que o PMDB assumisse o o comando da Câmara em 2009. Era o PT, mas poderia ser o PSDB, poderia ser o PFL – esclareceu Padilha.
Não foi apenas o PMDB gaúcho que administrou o mal-estar e as antipatias para votar unido no candidato do PT. O PMDB do Rio de Janeiro - comandado por Anthony Garotinho, adversário do PT - também embarcou na candidatura sem restrições. O fato de petistas envolvidos em escândalos de corrupção, como João Paulo Cunha, Ricardo Berzoini e Professor Luizinho, integrarem a coração da corrente pró-Chinaglia não constrangeu os peemedebistas.
– Ele (Chinaglia) escapou da crise moral vivida pelo PT, não fazia parte da corriola de José Dirceu. É um homem inteligente, está além do PT – diz um peemedebista que ajudou a eleger Chinaglia.
Além do compromisso com a coalizão e da estratégia de garantir o apoio recíproco do PT em 2009, o PMDB gaúcho também se moveu por um desejo de ajudar o Rio Grande do Sul a encontrar eco em Brasília para resolver o impasse nas finanças. Quando Chinaglia visitou o Estado para pedir votos, o partido arrancou do candidato um compromisso. Apesar da Câmara não ter poder de decisão sobre os dois temas, Chinaglia prometeu fazer com que a Casa pelo menos discuta a renegociação da dívida dos Estados com a União e o ressarcimento com as perdas da Lei Kandir.
ZERO HORA