| 02/02/2007 07h00min
Três gaúchos protagonizaram as principais articulações políticas na eleição para a presidência da Câmara. Enquanto Beto Albuquerque (PSB) e Vieira da Cunha (PDT) foram os artífices da construção do bloco partidário de apoio a Aldo Rebelo (PC do B-SP), Eliseu Padilha (PMDB) se encarregou de coordenar o contra-ataque em favor de Arlindo Chinaglia (PT-SP).
Foi a partir de uma idéia de Beto que PC do B, PSB, PDT, PAN, PMN e PHS reuniram 70 deputados num grupo parlamentar com o objetivo de levar a candidatura de Aldo ao segundo turno. Recém-chegado à Câmara, Vieira tratou de convencer a bancada do PDT a aderir ao bloco. Numa negociação difícil, os gaúchos conversaram até mesmo com deputados do PFL, que se dividiu entre Aldo e o candidato Gustavo Fruet (PSDB-PR). Apesar da derrota do comunista no segundo turno, Beto afirmou que a união de partidos numa frente de centro-esquerda não é casual:
– Nosso objetivo é criar a terceira força política da Casa e, quem sabe, repetir essa aliança nas futuras eleições. Não é um bloco apenas para ocupar cargos, como o de Chinaglia.
A iniciativa dos apoiadores de Aldo forçou uma reação de PT e PMDB. Os dois partidos encabeçaram outro bloco partidário, com 273 deputados de oito legendas. Coube a Padilha garantir os votos das bancadas de PMDB, PP e PR. Desde segunda-feira, o gaúcho circulava pelos corredores da Câmara com um mapa dos 513 deputados, estudando as reações de cada parlamentar e conversando pessoalmente com os indecisos.
– Foi um trabalho muito mais de ouvir do que de falar. Era preciso interpretar o sentimento de cada deputado – explicou Padilha.
Teoricamente, o grupo teria votos suficientes para eleger Chinaglia no primeiro turno. Otimistas, os cabos eleitorais do petista ironizavam, no início da tarde, a formação do bloco pró-Aldo.
– Acharam que estavam descobrindo a América, mas aqui só tem raposa – comentou um dos coordenadores da campanha de Chinaglia.
A zombaria petista, porém, perdeu força tão logo foi anunciado o resultado do primeiro turno, quando faltaram 21 votos para a vitória de Chinaglia. Imediatamente após o anúncio do placar, o grupo se lançou à caça de votos nas bancadas de oposição, como as do PSDB e do PFL.
– Vou à luta. Minha missão é cabalar votos até o último minuto – disse Padilha ao cruzar o plenário junto com os petistas Henrique Fontana e Maria do Rosário.
Engajado na campanha de Fruet, Júlio Redecker (PSDB) reconhecia a iminência de uma vitória de Chinaglia logo após o início da segunda rodada de votação. Sem admitir uma negociação com o petista em torno da 1ª-vice-presidência da Câmara para o PSDB, o tucano se resignou:
– Que diferença há entre Aldo e Chinaglia para a oposição? Aldo foi bem mais servil ao governo Lula do que será Chinaglia.
ZERO HORA