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 | 07/04/2011 08h03min

Advogado afirma que médico de Gaspar não cometeu os abusos

Magistrado argumenta que faltam provas para manter seu cliente preso, pois é primário e tem bons antecedentes

O advogado de defesa do ortopedista Fernando César Buchen, Luís Roberto Schmitt, aguarda o julgamento do pedido de habeas corpus junto ao Tribunal de Justiça. A defesa do médico, preso sexta-feira no consultório no Centro de Blumenau suspeito de atentado ao pudor, está sendo elaborada também pelo advogado Anderson Schramm.

Desde 2008, Buchen respondia em liberdade a um processo movido por duas pacientes. Como era investigado, uma terceira denúncia, feita por uma jovem de 24 anos, serviu de base para o Ministério Público pedir a prisão preventiva. Hoje, o ortopedista passará por avaliação do Instituto Geral de Perícias.

Desde sábado, ele está internado no Hospital Santa Isabel, sob escolta policial, após ter se ferido com talheres no Presídio Regional de Blumenau. O exame de corpo de delito foi pedido pelo promotor de Justiça Cristiano José Gomes e aceito pelo juiz da 3ª Vara Criminal de Gaspar, Sérgio Agenor Aragão. Dependendo do resultado, Buchen voltará ao presídio. Se isso ocorrer e o habeas corpus for negado pelo TJ, a defesa recorrerá ao Superior Tribunal de Justiça.

Em entrevista ao Santa, Schmitt argumentou que faltam requisitos para manter seu cliente preso, que é primário e tem bons antecedentes. Segundo ele, a exposição na mídia teria afetado o emocional do médico.

Jornal de Santa Catarina - Quais os argumentos da defesa para pedir o habeas corpus?
Luís Roberto Schmitt Júnior - Posso adiantar alguns passos gerais. Primeiramente, não vimos necessidade da prisão. Ele já vinha respondendo ao processo em liberdade há quatro anos. Essa ação penal em trâmite já estava no fim e agora, com um novo depoimento, estão tentando reabrir o caso. Então deveria ter sido deflagrada uma nova ação e ele responderia em liberdade. Também penso que faltam requisitos para manter a prisão preventiva porque ele é primário, tem bons antecedentes, tem profissão conhecida e endereço fixo. O uso de algemas foi ilegal, ele não ofereceu resistência nem tentou fugir.

Santa - Como está a saúde de Fernando César Buchen?
Schmitt - Não procede a informação de que os ferimentos foram superficiais. Chegou a perfurar o pulmão esquerdo e foi atingido no pescoço e no fígado. Hoje (ontem) ele foi submetido a uma cirurgia. Não sei exatamente qual o procedimento, mas pelo que fiquei sabendo era para retirada de um coágulo do pulmão.

Santa - Qual o estado emocional dele?
Schmitt - Ele está muito abalado, mas mais calmo. Tem recebido apoio de muitas pessoas, muitos pacientes têm ligado para a família e demonstrado carinho e apoio.

Santa - O que teria motivado a tentativa de suicídio?
Schmitt - Algumas pessoas dizem que ele estava admitindo uma culpa, mas isso não existe. É boato. Sexta-feira, ele foi retirado da rotina dele, encaminhado ao presídio e não teve contato com a família nestes dois dias. Ele veria a esposa domingo, mas ainda não sabia disso sábado à noite. Ele viu uma reportagem na televisão sobre a própria prisão. Num ato de desespero, escreveu um bilhete de adeus e tentou suicídio.

Santa - O senhor teve acesso à carta?
Schmitt - Tive acesso e posso dizer que ele não fala nada sobre os casos denunciados. É uma carta pessoal para a esposa e para a família. Uma despedida. A carta foi apreendida e vai constar do processo.

Santa - Quais os próximos passos da defesa?
Schmitt - Aguardar a decisão sobre o habeas corpus, com o julgamento do mérito. Caso não dê certo, passaremos à próxima etapa, que é o Superior Tribunal de Justiça.

Santa - O senhor acredita que ele poderia responder aos processos e às novas denúncias em liberdade?
Schmitt - Sim. Ele nunca se evadiu ou protelou o andamento dos processos. Sempre respondeu prontamente e colaborou com as investigações. Em fevereiro, compareceu a uma audiência, sem problema nenhum. A prisão dele e a exposição pública colaboram para um prejulgamento. O dano à imagem e à reputação estão consolidados, mesmo que ele venha a ser absolvido.

Santa - Se os procedimentos com as pacientes eram adequados, por que surgiram novas denúncias contra ele?
Schmitt - Por conta da exposição pública, algumas pessoas que se consultaram com ele confundem a consulta em si com um abuso. A sistemática de uma consulta da ortopedia já é constrangedora. A pessoa precisa se despir e ser apalpada. Temos casos aí, genericamente falando, da pessoa dizendo que se sentiu constrangida porque foi apalpada nas pernas ou nas nádegas.

Santa - Ele solicitava ressonâncias magnéticas. Isso não substituía os toques?
Schmitt - O diagnóstico quem faz é o médico. Se ele entender que tem que tocar, o diagnóstico dele é que vale. Existem procedimentos médicos que só quem pode responder é outro profissional de medicina.

Santa - Então não houve abuso?
Schmitt - Nenhum.

Santa - E sobre o caso publicado ontem no Santa?
Schmitt - Em primeiro lugar, a pessoa precisa provar. Em segundo, conforme informações que eu tenho, não há relato envolvendo essa pessoa na época da consulta. Se ela saiu mesmo seminua do consultório e abalada seria objeto de atenção de pacientes e funcionário da clínica. Isso não é comum num consultório. E eu não acredito que a polícia não daria atenção a um caso desses.

JORNAL DE SANTA CATARINA

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