| 05/02/2011 12h26min
Tanques Abrams do Exército egípcio apontam seus canhões para a multidão de manifestantes reunida na praça Tahrir. Atrás deles está o Museu do Cairo e seus inestimáveis tesouros. Depois de intrusos terem conseguido penetrar nas salas do museu na semana passada, um importante dispositivo militar foi posicionado ao redor do famoso prédio de pedra rosa.
À procura de ouro, os saqueadores quebraram vidros de mostruários e danificaram 70 objetos. Soldados uniformizados, equipados com capacetes pesados, coletes à prova de balas e armas kalashnikov, estão posicionados 20 metros atrás dos gradis. Do lado deles, bombeiros com capacetes amarelos. No pátio, blindados em posição. Outros veículos estão na praça.
Fechado há mais de oito dias, o museu fica em uma das avenidas que vem sendo palco dos enfrentamentos entre manifestantes pró e contra Mubarak. Os militantes construíram neste lugar barricadas com carros carbonizados, caminhões com pneus furados, placas, postes e pedras.
Na tarde de sexta-feira, quando dezenas de milhares de pessoas expressavam sua raiva contra o rais (chefe supremo) egípcio, ninguém estava autorizado a se aproximar a menos de 20 metros dos portões do museu.
— Está seguro, muito seguro, não estamos preocupados — garantiu Zahi Hawass, secretário de Estado das Antiguidades.
Ele explicou que durante a tentativa de pilhagem do dia 28 de janeiro, os ladrões haviam tido tempo de quebrar mostruários e objetos, mas foram capturados por simples cidadãos que entraram no prédio para proteger os tesouros, prendendo os saqueadores e entregando-os aos soldados enviados em urgência.
Em seguida, a população formou uma corrente humana, centenas de pessoas de mãos dadas ao redor dos gradis, para impedir qualquer invasão às centenas de salas onde cerca de 100 mil peças estão expostas. Outras 50 mil estão bem guardadas.
— O que aconteceu no Egito é muito raro - a solidariedade popular e da segurança, entre o povo e o Exército, para proteger o Museu — explicou Hawass.
Todos os objetos danificados, incluindo duas esculturas de Tutankhamon, podem ser restaurados e nada foi roubado, de acordo com Hawass.
Na quarta-feira, durante os confrontos intensos entre manifestantes, coquetéis molotov voaram nas proximidades do museu. Dois chegaram a cair no pátio do prédio, incendiando uma árvore. A polícia apagou as chamas com um canhão de água, depois os bombeiros chegaram para controlar a situação. O prédio não foi atingido, mas as imagens, transmitidas ao vivo, preocuparam o mundo inteiro.
"O museu egípcio do Cairo abriga objetos únicos do patrimônio mundial", declarou o British Museum.
A Unesco rapidamente acrescentou: "É muito importante que esses objetos insubstituíveis sejam completamente protegidos a fim de garantir sua segurança".
Grupo RBS Dúvidas Frequentes | Fale Conosco | Anuncie | Trabalhe no Grupo RBS - © 2011 clicRBS.com.br Todos os direitos reservados.