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 | 05/02/2011 05h51min

Manifestantes egípcios desafiam toque de recolher e protestos seguem na madrugada

Ontem, centenas de milhares se reuniram para exigir a renúncia imediata do presidente

Atualizada às 06h02min

Manifestantes seguiram ocupando a Praça Tahrir, no centro do Cairo, nesta madrugada, desafiando o toque de recolher imposto, que ocorre entre as 19h e as 6h no horário local, informou a rede Al Jazeera. Na sexta-feira, centenas de milhares de manifestantes se reuniram para exigir a renúncia imediata do presidente egípcio Hosni Mubarak, data que foi batizada de "Dia da Partida".

Este sábado marca o início do 12º dia de protestos. Um dos manifestantes afirmou à rede Al Jazeera que o povo continuará na praça até que Mubarak renuncie.

— É morte ou liberdade — declarou o manifestante.

Ontem, porém, o recém-nomeado primeiro-ministro do Egito, Ahmed Shafiq, afirmou que é "improvável" que o presidente transfira seus poderes para o vice, Omar Suleiman.

— Precisamos do presidente por razões legislativas — justificou, em entrevista à TV Al Arabiya.

Um intenso tiroteio foi ouvido na noite de sexta-feira na Praça Tahrir, no centro do Cairo, espalhando pânico na multidão de manifestantes antigovernamentais que se encontram reunidos no local.

>>>Confira a cronologia dos incidentes:

De 24 de janeiro a 4 de fevereiro:

Um homem de 50 anos toca fogo em si mesmo em frente ao Parlamento, no Cairo, numa possível reprodução do suicídio de um jovem tunisiano em meados de dezembro que desencadeou a revolta e subsequente derrubada do presidente Zine El Abidine Ben Ali. Nos dias seguintes, mais três egípcios fazem o mesmo — um deles, de 25 anos, não resiste aos ferimentos e morre.

 
Foto: Martin Bureau, AFP

Dia 25:

Insuflados pelo líder da oposição, Mohamed ElBaradei, milhares de pessoas tomam as ruas do Egito pedindo a renúncia do presidente do país, Hosni Mubarak. Nos confrontos com a polícia, dois manifestantes morrem em Suez e um policial é morto no Cairo.

Dia 26:

As manifestações se espalham dos grandes centros para cidades menores, aumentando em número e violência. No Cairo, um policial e um manifestante são mortos, enquanto em Suez 55 protestantes e 15 homens da força anti-motim são feridos.

Dia 27:

Diante do saldo violento, com mais um jovem morto em Sinai, a Casa Branca cobra providências do governo do Cairo para evitar os embates, enquanto a União Européia chama atenção para o direito de protestas da população.

Dia 28:

O saldo da violência chega a 13 mortos, centenas de feridos e quase mil presos. Os protestos aumentam e manifestantes tocam fogo no prédio do governo em Alexandria e na sede do Partido Democrático Nacional. Os serviços de internet são derrubados e ElBaradei diz que está pronto para liderar a transição, enquanto Mubarak impõe toque de recolher e promete reformas.


 
Foto: Reprodução, Egyptian TV

Dia 29:

O presidente egípcio, Hosni Mubarak, designou um vice-presidente, o chefe da inteligência Omar Suleiman, pela primeira vez em 30 anos, e um novo primeiro-ministro, ambos com cargo de general, para tentar sufocar a rebelião já deixa mais de 90 mortos.

Dia 30:

O presidente egípcio, Hosni Mubarak, visitou um centro de operações do exército e ordenou que o toque de recolher no Cairo, Alexandria e Suez seja ampliado em uma hora. O toque de recolher, instaurado na sexta-feira devido aos protestos da população para exigir a renúncia de Mubarak, foi gradualmente ampliado, mas não é respeitado pela população. Neste domingo, as autoridades egípcias ordenaram à polícia antimotins que volte a atuar em todo o país, depois de dois dias nos quais esteve virtualmente ausente, quando ocorreram diversos saques enquanto o exército lidava com uma revolta popular.

Dia 31:

O movimento contra o regime convocou uma greve geral por tempo indeterminado. Durante a manhã, a emissora estatal egípcia anunciou a formação de um novo governo no país, substituindo o governo dissolvido na sexta-feira. Na mudança mais significativa, o criticado ministro do Interior — responsável pelas forças de segurança — foi substituído.

O exército anunciou que não usará a força contra os manifestantes e declarou que considera as demandas do povo "legítimas". O último provedor de internet egípcio ainda em funcionamento, o Grupo Noor, caiu nesta segunda-feira, deixando o país sem acesso à rede.

Dia 1º:

No oitavo dia de intensos protestos anti-governamentais, mais de 1 milhão de pessoas saíram às ruas de todo país protestando contra o governo, na chamada "Marcha do Milhão". Os conflitos podem ter deixado cerca de 300 mortos, segundo a ONU. No poder desde 1981, o presidente egípcio, Hosni Mubarak, garantiu que não irá tentar a reeleição, em discurso transmitido pela emissora de TV estatal.

Dia 2:

Pela manhã, 500 partidários do presidente egípcio Hosni Mubarak se reuniram no Cairo para manifestar apoio ao governante. O vice-presidente, Omar Suleiman, pediu que manifestantes voltassem para casa devido aos confrontos violentos entre partidários e adversários do presidente. No fim da noite, o Ministério da Saúde do país confirmou três mortos e 639 feridos nos confrontos entre apoiadores e opositores do regime egípcio na Praça Tahrir. Apesar do número oficial, a rede Al Jazeera e jornais como The Guardian e El País falavam em mais de 1,5 mil feridos.

Dia 3:

No 10º dia de protestos no Egito, o presidente Hosni Mubarak, disse em entrevista à rede de TV americana ABC que deseja deixar o poder, mas teme o caos que pode ser criado caso o faça. Já a Coalizão Nacional pela Mudança, que reúne os principais grupos de oposição do Egito, rejeitou qualquer diálogo com o regime antes da renúncia de Mubarak. A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, pediu ao governo e à oposição que comecem "imediatamente" negociações sérias para uma transição. No acesso à ponte que leva à Praça de Tahrir, onde estão os manifestantes, foram montadas barreiras. Nas ruas de Cairo, muito civis armados.

Dia 4:

Centenas de milhares de egípcios saíram às ruas para participar do dia batizado de "Dia da Partida". Durante a noite, um intenso tiroteio foi ouvido na Praça Tahrir, no centro do Cairo, espalhando pânico na multidão de manifestantes antigovernamentais que se encontram reunidos no local.

Um jornal estatal informou que um jornalista egípcio morreu pelos ferimentos de tiros disparados durante confrontos entre partidários e opositores de Mubarak. O jornal Al-Ahram afirmou que Ahmed Mohammed Mahmud, do jornal Al-Taawun faleceu após permanecer em coma por quatro dias. Ele foi atingido por franco-atiradores há uma semana quando tirava fotografias a partir de seu apartamento, perto da Praça Tahrir.

AFP
 
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