| 05/02/2011 05h56min
Os tiroteios ocorridos na noite de ontem nas imediações da Praça Tahrir indicam que, por mais que os ânimos tenham serenado durante a sexta-feira, cognominada Dia da Partida (do ditador Hosni Mubarak) pela oposição, o Egito ainda vive uma situação de caos e insegurança.
Com o governo acuado, o exército omisso e turbas aguardando uma oportunidade pelas ruas, levará algum tempo até que o país volte a uma vida normal.
Os Estados Unidos parecem determinados a obter a concordância de Mubarak em se afastar e deixar o caminho livre para o que chamam de “transição ordeira”. Até o momento, e apesar dos desdobramentos dos últimos dias, o ditador resiste e tenta manobrar. É visível, porém, seu isolamento cada vez maior.
O que é impossível prever, a esta altura, é o compasso dos acontecimentos. Em síntese, a solução da crise depende de quatro fatores:
— a concordância de Mubarak em deixar o poder imediatamente;
— o beneplácito do exército a um regime pós-Mubarak, de conciliação;
— a concordância da oposição, ou de parte dela, em participar ou apoiar essa conciliação;
— a aceitação, pela Praça Tahrir, de um regime renovado sem Mubarak em troca do afastamento do ditador.
De todos esses fatores, até o momento, o único que aparentemente foi alcançado é o segundo. A presença do ministro da Defesa na Praça Tahrir, ontem, é um sinal claro de que as armas do exército não serão disparadas em direção aos manifestantes e que a impossibilidade de se alcançar estabilidade com Mubarak é, do ponto de vista dos chefes militares, um fato consumado.
Quanto aos outros três fatores, não há sinais de que estejam à vista nesta manhã de sábado.
Confira as novidades que o repórter conta direito do Cairo pelo Twitter (@luizaraujo_):
Manifestantes continuavam reunidos na Praça Tahrir no anoitecer de sexta-feira, desafiando o toque de recolher
Foto:
Khaled Desouki, AFP
Grupo RBS Dúvidas Frequentes | Fale Conosco | Anuncie | Trabalhe no Grupo RBS - © 2011 clicRBS.com.br Todos os direitos reservados.