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 | 30/01/2011 17h56min

Ator egípcio Omar Sharif deseja a saída de Mubarak da presidência do Egito

Conflitos no país já teriam deixado mais de 100 mortos

O ator egípcio Omar Sharif, que está no Cairo, é "solidário ao povo" do Egito e deseja a partida do presidente Hosni Mubarak, afirmou neste domingo a uma rádio francesa, no sexto dia de um protesto que não perdeu força.

— Estou no 17º andar de um grande hotel e vejo tudo o que acontece — explicou, ao ser entrevistado por telefone pela emissora France Inter — Sou solidário ao povo, porque penso que se portou muito bem, muito melhor que o governo. Creio que o presidente (Hosni Mubarak) deveria ter renunciado. Há 30 anos que é presidente, já basta. Felizmente, elegeu um bom vice-presidente (Omar Suleiman), que tem boas relações com Israel, isso é muito importante — completou o ator, cuja atuação na obra-prima de David Lean, "Lawrence da Arábia" (1962), o levou à fama internacional.

Omar Sharif também disse temer a Irmandade Muçulmana.

— Não gosto deles. Estavam fechados, começam a sair, são 20% da população, e isso me preocupa um pouco — explicou.

Conflito já teria deixado cerca de cem mortos

Os choques entre manifestantes e forças de segurança no Egito já teriam deixado cerca de cem mortos e dois mil feridos desde terça-feira. Os protestos contra o presidente Hosni Mubarak já duram seis dias. Cerca de 85 das mortes teriam ocorrido em confrontos na última sexta-feira e sábado entre manifestantes e policiais, segundo fontes médicas e dos serviços de segurança.

Confira a cronologia dos incidentes:

De 17 a 20 de janeiro:

Um homem de 50 anos toca fogo em si mesmo em frente ao Parlamento, no Cairo, numa possível reprodução do suicídio de um jovem tunisiano em meados de dezembro que desencadeou a revolta e subsequente derrubada do presidente Zine El Abidine Ben Ali. Nos dias seguintes, mais três egípcios fazem o mesmo — um deles, de 25 anos, não resiste aos ferimentos e morre.

 
Foto: Martin Bureau, AFP

Dia 25:

Insuflados pelo líder da oposição, Mohamed ElBaradei, milhares de pessoas tomam as ruas do Egito pedindo a renúncia do presidente do país, Hosni Mubarak. Nos confrontos com a polícia, dois manifestantes morrem em Suez e um policial é morto no Cairo.

Dia 26:

As manifestações se espalham dos grandes centros para cidades menores, aumentando em número e violência. No Cairo, um policial e um manifestante são mortos, enquanto em Suez 55 protestantes e 15 homens da força anti-motim são feridos.

Dia 27:

Diante do saldo violento, com mais um jovem morto em Sinai, a Casa Branca cobra providências do governo do Cairo para evitar os embates, enquanto a União Européia chama atenção para o direito de protestas da população.

Dia 28:

O saldo da violência chega a 13 mortos, centenas de feridos e quase mil presos. Os protestos aumentam e manifestantes tocam fogo no prédio do governo em Alexandria e na sede do Partido Democrático Nacional. Os serviços de internet são derrubados e ElBaradei diz que está pronto para liderar a transição, enquanto Mubarak impõe toque de recolher e promete reformas.


 
Foto: Reprodução, Egyptian TV

Dia 29:

O presidente egípcio, Hosni Mubarak, designou um vice-presidente, o chefe da inteligência Omar Suleiman, pela primeira vez em 30 anos, e um novo primeiro-ministro, ambos com cargo de general, para tentar sufocar a rebelião já deixa mais de 90 mortos.

AFP
 
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