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 | 21/10/2008 03h22min

“Não vão quebrar 4 mil bancos”, afirma o consultor Stephen Kanitz

Kanitz participou ontem da edição especial do Painel RBS

O consultor e articulista Stephen Kanitz avalia que as atuais turbulências na economia internacional terão um impacto bem menor do que a quebra da Bolsa de Nova York em 1929. Com uma visão menos pessimista da crise, Kanitz participou ontem da edição especial do Painel RBS, quando abordou para um grupo de convidados as tendências para negócios nos próximos meses.

Zero Hora – A atual crise pode ser comparada, em potencial de dano à economia, à de 1929?

Stephen Kanitz – Quando o leigo ouve que em 1929 quebraram 4 mil bancos, que o desemprego chegou a 25% e que a crise culminou com a Segunda Guerra Mundial, é muito triste. Por mais que cresça o desemprego nos EUA, chegará a 3%. Não vão quebrar 4 mil bancos. E teve ainda esse Nouriel Roubini (professor da New York University que em 2004 e em 2006 fez alertas para problemas nos subprimes) dizendo que os bancos dos EUA estavam quebrados. Não faz sentido uma corrida aos bancos. O dinheiro dos investidores não está no banco, mas em um fundo DI, que está no nome do investidor. Mesmo que o banco quebre, o investidor não perde o dinheiro.

ZH – Como o atual cenário internacional pode afetar o Brasil?

Kanitz – Não deveria acontecer muita coisa, porque 98% de nosso mercado é interno. Nossos bancos estão bem, não estão alavancados como os dos EUA, o crédito ao consumidor equivale a 32% do PIB (Produto Interno Bruto). Isso significa que o grau de endividamento no Brasil é muito baixo, ao contrário do que ocorre nos EUA.

ZH – No Rio Grande do Sul, por exemplo, os calçadistas estão preocupados com o fato de que a China buscará compensar a queda nas vendas de seus calçados no mercado norte-americano vendendo mais no Brasil. Essa preocupação não se justifica?

Kanitz – Em todas as crises que tivemos no passado, ninguém deixou de comer. E 50% da pauta de exportação brasileira é comida, o que faz do Brasil um país privilegiado em relação ao resto do mundo. Claro que há um monte de problemas. Mas, qual é o grau de magnitude desses problemas? Eu não me assusto quando alguém fala que o país vai crescer 2% em vez de 4%.

ZH – Qual é o papel dos empresários neste momento?

Kanitz – Os presidentes de federações de comércio e de indústria deveriam sair a público dizendo que a crise não nos afeta. Que, caso afete, será algo na ordem de 3% e que não vão demitir ou, pelo menos, que manterão a força de trabalho.

ZH – O presidente Lula fez um apelo para que as pessoas não deixem de consumir. O senhor fez alteração nos seus investimentos?

Kanitz – Quero ver alguém que eu respeite fazendo isso. Eu respeito o Warren Buffet, e ele está comprando ações.

Entenda a crise

 
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