| 20/10/2008 16h59min
O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, negou nesta segunda-feira que as recentes medidas adotadas pela autoridade monetária em meio à crise financeira internacional sejam uma mudança na sua estratégia de atuação. Ele reafirmou que o compromisso do BC é com o regime de metas para a inflação.
— Engana-se quem vê nas medidas adotadas pelo BC uma mudança na sua estratégia de atuação. É importante que isso esteja bem claro para a sociedade — afirmou.
Meirelles ressaltou, no entanto, que a calibragem e o timing da atuação do BC levam em conta o que está ocorrendo na economia brasileira, inclusive no que se refere à oferta de crédito e às incertezas trazidas pela crise externa, além de outros fatores. Ele destacou que a atuação do BC visa a mitigar o impacto da crise, mas sem artificialismos, que podem gerar desequilíbrio que encerram riscos consideráveis para a economia.
O presidente do BC salientou que, ao contrário do que muitos pensam, a
autoridade monetária pode atuar com
flexibilidade, pragmatismo e serenidade diante da crise, para a qual o país se preparou. Meirelles salientou que a "pujança" da demanda doméstica, alicerçada no mercado de trabalho, deve continuar sustentando a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) nos próximos meses, ainda que em ritmo mais modesto.
— As economias emergentes, cujo crescimento depende das exportações, terão que fazer um ajuste mais rápido, sob pena de importarem de forma mais intensa a desaceleração — dos países mais ricos do mundo.
Contas públicas
Meirelles afirmou que as contas públicas do país são hoje um fator estabilizador na crise. Ele ressaltou que a cada 10% de depreciação do real existe uma queda de 1,1 ponto percentual da dívida líquida em relação ao PIB. Ele afirmou que foi pelo fato de o país ter acumulado "um volume expressivo de reservas" no período da bonança que, agora, o governo dispõe de um vasto arsenal de recursos para prover liquidez
adequada ao sistema.
— Nossa tão
criticada acumulação de reservas, sem prejuízo da necessária flexibilidade cambial, mostra-se hoje providencial.
O presidente salientou que o BC vem tomando diversas medidas para aliviar as restrições de liquidez em reais e em dólares.
— Mas não temos a ilusão de que o país está totalmente imune ao que ocorre no exterior.
Meirelles fez essas afirmações durante cerimônia de posse da nova diretora da Associação Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid) no início desta tarde, na capital paulista. Mais cedo, ele esteve reunido com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e com a diretoria da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil, também em São Paulo.
Entenda a crise
Presidente Lula e o presidente do BC, Henrique Meirelles estiveram reunidos nesta segunda
Foto:
Sebastião Moreira, EFE
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