| 09/09/2008 17h56min
Enquanto pesquisadores buscam uma maior aceitação dos transgênicos, alguns empresários resolveram fazer o caminho contrário: voltar as atenções para o cultivo convencional. Fornecedores brasileiros criaram uma associação de produtores de grãos não-geneticamente modificados.
O lançamento ocorreu nesta terpça, dia 9, em São Paulo. A associação reúne cinco dos maiores processadores de grãos do Brasil, além de produtores e pesquisadores. Juntas, as empresas que fazem parte do grupo têm capacidade de produzir seis milhões de toneladas de soja não-transgênica, o que representa 10% do total de soja cultivado no Brasil. A meta principal é estimular o plantio e a comercialização de grãos sem modificações genéticas.
Em um primeiro momento, a criação de uma associação para incentivar o cultivo de grãos convencionais parece contrastar com a tendência que vem sendo observada, principalmente na cultura da soja. Na safra atual, quase 60% da soja plantada no país deve ser transgênica, número que aumentou em relação a safra passada, quando o percentual foi de 53%.
Para o grupo, no entanto, a lógica é outra. A idéia é justamente usar isso como uma oportunidade de mercado, conforme explica César Borges de Sousa, presidente da Abrange.
– Os processadores brasileiros estão olhando essa alternativa como um negócio interessante e importante e, na medida em que o mercado lá fora reconheça e tenha interesse em adquirir esses produtos, o Brasil se constitui a primeira alternativa mundial de fornecimento desses produtos não geneticamente modificados.
Para os integrantes da Abrange, a grande vantagem são os prêmios pagos pelo produto sem modificação, que variam de acordo com a negociação de cada empresa. No ano passado, os europeus chegaram a pagar US$ 100 de prêmio por tonelada de milho convencional do Brasil.
– Como nós já tínhamos a tradição de plantar e produzir não transgênico, resolvemos aproveitar e usufruir desse preço e de vantagem que oferece esse mercado – explica o representante da indústria de grãos Laércio Teixeira.
No caso da Imcopa, uma das maiores exportadoras mundiais de soja não-transgênica, mais da metade do prêmio recebido é repassado ao produtor rural como forma de estimular o plantio. E, se voltar o foco para grãos tradicionais parece inusitado, a empresa enxerga ainda uma outra tendência, conforme o gerente de mercado da Imcopa, Osires de Melo.
– Hoje vemos que, daqui a pouco, não vai mais fazer sentido vender a soja apenas não-transgênica, mas sim não-transgênica e sustentável. o mercado europeu está cada vez mais exigente nesse respeito, que a soja não venha de área amazônica, não tenha trabalho infantil, não venha de áreas desmatadas, de acordo com critérios de base, a Basiléia, na Suíça.
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