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 | 06/05/2008 18h57min

Federação Internacional dos Criadores de Zebu debate contrabando de material genético

Inexistência de acordos sanitários impede trânsito legal de embriões e sêmen

Núria Saldanha, Uberaba - MG  |  reportagem@canalrural.com.br

Em um encontro em que a língua espanhola dominou os debates, Bolívia, Colômbia, México, Panamá, Costa Rica, Venezuela e Brasil se reuniram para discutir as dificuldades impostas pelas barreiras sanitárias entre os países e as formas para legalizar o intercâmbio de material genético das raças zebuínas. O evento da Federação Internacional dos Criadores de Zebu (FICEBU) fez da 74ª Expozebu palco de discussões que interessam o mercado internacional da pecuária.

A reunião iniciou com a comemoração do protocolo sanitário entre Panamá e Brasil, assinado na última semana durante a programação da feira. O acordo, primeiro do tipo assinado entre o Brasil e um país da América Central, vai legalizar o trânsito de material genético de raças zebuínas entre as duas nações. De acordo com Gerson Simão, gerente de relações internacionais da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), a iniciativa pode impulsionar mais países a legalizarem a comercialização.

- Vai solucionar um problema muito grave que tem há muito tempo de contrabando de material genético. Nós acreditamos que essa assinatura com o Panamá vai levar outros países a legalizarem importações e exportações do setor pecuário com o Brasil também.

O diretor nacional de pecuária do Panamá, Gabriel Aparício, declarou durante o evento que o país tem interesses na genética do Brasil, considerada a melhor do mundo. O representante pediu ainda apoio técnico e auxílio da ABCZ no treinamento de panamenhos para aperfeiçoamento genético.

- Queremos ajuda do Brasil para unificar critérios de produção. Tudo isso com um objetivo maior. A intenção dos produtores é ajudar a controlar a fome no mundo, produzir mais carne e mais leite.

O contrabando de material genético é praticado há mais de 60 anos por países como Guatemala, El Salvador e Costa Rica.

- O material chega lá de maneira ilegal e eles não podem declarar genealogia. A partir do momento que legalizar, vai passar a moralizar o registro genealógico - explicou Gerson Simão, da ABCZ.

O México compra material genético do Brasil há 40 anos, mas nunca formalizou um acordo comercial ou realizou registros de  procedência dos animais brasileiros.

- Estamos na Expozebu comprando material genético brasileiro, principalmente guzerá leiteiro, gir leiteiro e sêmen de touros nelore para levarmos para o nosso país. Fazemos de outra maneira, não da maneira oficial. Esse é um grande problema para nós - diz Tamayo.

De acordo com Carlos Tamayo, presidente da Associação Mexicana dos Criadores de Zebu, o processo não é regularizado porque os Estados Unidos, que compram carne do país, não aceitam  gado de origem brasileira.

- Os Estados Unidos têm medo do Brasil, da produção de soja, da produção de gado, produção da cana-de-açúcar. Estados Unidos têm muito medo da produção tão grande e de tão boa qualidade que existe aqui no Brasil - afirma o mexicano.

Mas a Associação Brasileira dos Criadores de Zebu discorda.
 
– Não. Eu acho que o que interessa para os EUA são aqueles produtos que estejam entrando de maneira segura, sob supervisão dos ministérios. Então a biossegurança é muito importante - conclui Gerson Simão, gerente de relações internacionais da ABCZ.

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