| 09/11/2007 05h45min
Depois de mais de um ano de expectativas, a Petrobras confirmou nessa quinta-feira, dia 8, ter descoberto uma gigantesca jazida de petróleo e gás natural, na Bacia de Santos. A área de Tupi é a maior já identificada no Brasil e poderá aumentar em até 60% as reservas provadas da estatal. Com o anúncio, as ações da empresa se valorizaram 14,45% na Bolsa de São Paulo (Bovespa).
Anunciada quando o barril do petróleo beira os US$ 100, a descoberta não representa alívio imediato à escassez de gás natural no Brasil. Ainda assim, é importante. Caso se confirmem reservas em toda a área semelhante à de Tupi, cuja característica é ter uma camada de rochas chamada pré-sal, o Brasil pode saltar do 24º para o oitavo lugar entre os países com maiores reservas no mundo, disse o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli.
– Devemos ficar entre a Nigéria e a Venezuela – observou Gabrielli, citando dois países reconhecidos internacionalmente por suas elevadas reservas de petróleo e gás natural.
Não há estimativa sobre o investimento que a nova área exigirá porque o projeto de desenvolvimento não está pronto. Mas demandará recursos adicionais além dos previstos até 2012. O diretor de exploração e produção da Petrobras, Guilherme Estrela, admitiu que a grande profundidade vai encarecer o trabalho:
– Quando a profundidade dobra, o custo triplica, mas estamos desenvolvendo tecnologia para gastar menos. O início da produção na área deve demorar pelo menos dois ou três anos, estimou Giuseppe Bacoccoli, pesquisador da Coordenação de Pesquisa e Pós-Graduação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ) e ex-funcionário da Petrobras. A projeção é baseada no recorde de início da exploração comercial do campo de Roncador, que levou 26 meses. No entanto, ponderou Bacoccoli, foi em Roncador que a P-36 afundou, gerando especulações de excesso de pressa. Outra dificuldade é a disparada nas cotações do petróleo.
– O preço alto encarece os equipamentos e tende a retardar o início da produção. Por isso o programa do gás atrasou. O aluguel diário de plataforma para águas profundas era de US$ 100 mil, subiu para US$ 300 mil, e não se acha – explicou Bacoccoli.
Especialista descarta risco de repetir experiência argentina
Feito uma semana depois da crise de fornecimento de gás natural, o anúncio despertou especulações de oportunismo. Gabrielli negou:
– A evolução do pré-sal não tem relação com problemas da semana passada, mas com resultados de testes.
Embora existam temores que envolvem a transformação do Brasil num exportador de petróleo, Bacoccoli não vê risco de repetir o caso argentino. O país vizinho vendeu muito ao Exterior e hoje é obrigado a importar.
– O Brasil não é obrigado a seguir o modelo de país petroleiro, que são quase todos pobres e subdesenvolvidos. Não somos a Venezuela, nem a Arábia Saudita, porque não temos só petróleo, temos um grande parque industrial e outras riquezas. É muito diferente – argumentou o especialista.
ZERO HORA