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 | 19/11/2010 08h01min

Diretor-executivo do Grêmio elogia Caetano, mas prefere não pensar em possível saída

Cícero Souza trabalhou com o atual gerente do Vasco no Olímpico por três anos

Tatiana Lopes  |  tatiana.lopes@rbsonline.com.br



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Cícero Souza tem cinco anos de Grêmio, sendo um deles nas categorias de base. Atual diretor-executivo, ele acompanha as notícias sobre uma possível mudança em alguns setores com a chegada da nova gestão, presidida por Paulo Odone, mas prefere não pensar em sair do clube. Aliás, faz questão de elogiar o pretendido Rodrigo Caetano, ainda no Vasco, com quem já trabalhou no Olímpico.

– Recebo com naturalidade, o mercado funciona assim. O Grêmio está tentando trazer o melhor diretor-executivo do Brasil. Minha parceria com ele aqui no clube sempre me fez admirar muito a capacidade e o talento dele. Foram três anos trabalhando juntos – destacou o dirigente, em entrevista exclusiva ao clicEsportes nesta última quinta.

No escritório, Cícero é cercado por conquistas tricolores
Foto: Tatiana Lopes

 

Para Cícero, hoje com 36 anos e formado em Educação Física pela Universidade de Santa Cruz do Sul aos 21, o mercado não dispõe de profissionais com conhecimento necessário de futebol, CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), Lei de Formação, da Lei Pelé, além de conhecimentos gerais. Por isso, ele entende como normal a maioria dos clubes buscarem trazer de volta antigos profissionais, mais preparados.

Ele destaca as atuações dos gerentes Eduardo Maluf, do Cruzeiro, e Anderson Barros, do Botafogo, além de Rodrigo Caetano, como principais profissionais da área.

Pelo gerente-executivo passa tudo o que acontece no clube. Cícero costuma dizer que "respira Grêmio", pois precisa estar 24 horas ligado ao que acontece internamente.

– Tem contato com o treinador, com a preparação física, com coordenador do departamento médico, com a assessoria de imprensa, a fisiologia, a logística... Qualquer coisa que der errado respinga no gerenciamento que eu fiz – explicou.

 

O grupo profissional

O elenco principal do Grêmio se encaminha para o final da temporada com 34 jogadores. Desses, nove tem o contrato por encerrar, sendo que de três deles o clube tem opção de compra: Junior Viçosa, Vilson e Ferdinando.

– Ou seja, na realidade, tem seis terminando o contrato, e desses seis, três são titulares, três não. Para a realidade do futebol brasileiro, são números impressionantes – avaliou.

Ainda com contrato com o Grêmio e emprestados a outros clubes, há oito jogadores. Dois deles estão fora do Brasil: o zagueiro Willian Thiego, com o vínculo encerrando neste final de ano com o Kyoto Sanga FC, do Japão, e o meia Isael, que fica no Giresunspor, da Turquia, até a metade de 2011.

Na Série A do Brasileirão são dois: Uendel, no Flamengo até o final de 2011, e Mithyuê, no Atlético-PR. Ele se apresenta ao Grêmio no início da próxima temporada. Já na Série B são três: Marcus Vinícius, no ASA-AL, Bruno Collaço, na Ponte Preta, e Danilo Rios, no Duque de Caxias. Os dois últimos também retornam no início de 2011. O lateral Anderson Pico ficará no Juventude até o final do Gauchão.

– Se procurar no BID não vai encontrar time que gaste tão pouco para ter um elenco profissional. A gente fez dinheiro. Praticamente não gasta nada com salários e ainda recebeu pelos empréstimos – comentou Cícero.

 


As promessas da base

De acordo com Cícero Souza, o Grêmio encerra esta temporada com 40% de jogadores da base formando o elenco profissional, 40% de jogadores de mercado, e 20% de apostas. Ele faz questão de acrescentar nestes dados que todos os atletas da base são protegidos por contratos longos, de cinco anos.

– Os nossos jogadores de mercado são bem detectados. São aqueles de currículo, que depois de jogarem aqui têm mercado, mesmo que não tenha reproduzido aqui o currículo anterior – explicou.

Já nas apostas, onde se inclui o atacante Junior Viçosa, que o Grêmio deve acertar a compra de maior parte dos direitos a partir de 2011, o gerente-executivo diz que o índice de acertos é maior que o de erros.

– Diria que temos uma quantidade muito grande de acerto, mas tudo porque temos um centro de dados que nos fornece informações muito precisas, e sobre todo jogador indicado conseguimos rapidamente montar uma opinião porque temos material dele – comentou.

No atual grupo de juniores, há três jogadores batendo na idade profissional (a partir de 20 anos): o volante Mateus Magro, o meia Pessali e o atacante Wesley. Este último, porém, já foi incluído no elenco principal.

– São todos bons jogadores, que podem ser aproveitados já na pré-temporada, e se não forem, vão dar algum tipo de retorno. Ou seja, não vai ter rescisão contratual na base – afirmou.

Pessali é uma das promessas
Foto: Tatiana Lopes

 

Cícero acredita no potencial de Mateus Magro e Pessali.

– Eles têm boas condições técnicas. São dois jogadores que talvez a gente tenha segurado nesta temporada por acreditar que eles podem ter futuro no clube. Neste ano, a concorrência de meias e de volantes fez com que a gente precisasse utilizar eles mais na categoria junior – disse.

 

Grandes conquistas num futuro próximo

É isso que o gerente projeta. Mesmo com a possibilidade de sair do clube a partir da próxima temporada, Cícero deseja e tem convicção que o Grêmio está mais fortalecido nesses últimos anos para entrar de vez na lista dos melhores.

– Hoje o Grêmio tem um elenco que não precisa remontar a cada ano. Uma estabilidade financeira de manter salários em dia, o vestiário com uma estrutura top de linha. Eu teria uma sensação de perda se não pudesse finalizar esse ciclo aqui dentro – declarou.

Foto: Ricardo Duarte

 

Por já ter trabalhado com Rodrigo Caetano, Cícero não descarta atuar ao lado do profissional novamente. Porém, ele sabe que quem define isso é a direção.

– Vejo totais condições de reabrir a parceria, muito do que ele plantou a gente veio solidificando. O Grêmio caminha para as conquistas, as grandes conquistas estão próximas – apontou.

Para encerrar, Cícero Souza comemora o fato de que as decisões do clube, durante seu trabalho na gerência executiva, não tiveram interferência política.

– Pretendo que a minha passagem não tenha terminado, mas é um legado de profissionalismo. O melhor que eu deixo aqui é ter a consciência que todas as decisões que tomamos foram técnicas e não políticas – destacou.

Nada está definido ainda. Mas caso aconteça de Cícero ter que deixar o Grêmio, ele acredita em seu potencial para continuar na função de gerente-executivo.

– A decisão cabe ao clube. Eu, como profissional, preciso ver o que o mercado está oferecendo e buscar meu melhor – disse ele, esclarecendo que o Fluminense não entrou em contato com ele oferecendo proposta.

– Existem pessoas ligadas a mim que realmente conversaram com um dos candidatos a presidente do Fluminense e me passaram isso, mas não houve contato, oficialização, nem contato por arte de alguém do Fluminense.

 

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