| 06/07/2010 02h20min
O mundo nunca sentiu, em 131 anos, tanto calor nos cinco primeiros meses de um ano quanto em 2010. Entre janeiro e maio desse ano, a temperatura combinada da superfície e dos oceanos foi 0,68°C maior do que a média do século 20, batendo o recorde de 1998. Responsável por reunir as medições globais desde 1880, o Centro Nacional de Dados Meteorológicos norte-americano (NCDC, na sigla em inglês) aponta o fenômeno climático El Niño como um dos responsáveis pela marca histórica.
De acordo com o NCDC, os meses de março, abril e maio registraram marcas inéditas. No período, a temperatura chegou a 14,4°C — o correspondente a 0,73°C a mais que a média do século anterior. O planeta reaqueceu desde o início do ano especialmente no Canadá, Groenlândia, Sibéria (Rússia), norte da África, sudoeste da Ásia e sul da Austrália.
O Hemisfério Sul segue a tendência do planeta. A média da temperatura da superfície da terra entre janeiro e maio foi o mais quente já registrado, com 0,89°C acima da média do século passado.
Para a meteorologista Olívia Nunes, da Somar Meteorologia, o resultado da pesquisa expõe a influência do El Niño.
— Desde o meio do ano passado estamos sob a influência do El Niño, que tem como característica deixar o tempo mais quente sobre extremo oeste da Ásia, sul da África extremos leste e oeste da América do Norte e América do Sul como um todo — aponta.
O NOAA reforça a análise da meteorologista. Ao observar o mês de março, a agência afirmou que o fenômeno "contribuiu de forma significativa para o aquecimento o cinturão tropical e na temperatura geral dos oceanos".
Olívia apresenta um segundo fator para justificar o planeta em ebulição. Segundo ela, o calor está diretamente ligado ao grande estágio de urbanização mundial.
— As áreas urbanas antes de sofrerem variações globais, sofrem variações locais. São Paulo é um exemplo de que há 50 anos a média da temperatura era uma e, hoje em dia, com tamanha urbanização, a temperatura média da cidade é outra — ressalta a meteorologista.
A se confirmar o histórico dos últimos 25 anos, a tendência é de que, nos próximos meses, os termômetros voltem a registrar temperatura em alta. Países da Europa, nos Estados Unidos e outras nações do Norte sentem nos últimos dias o efeito do calor, com marcas próximas dos 40°C.
— Desde fevereiro de 1985, todos os meses têm sido mais quentes do que a média do século 20 — atestou à agência Reuters Deke Arndt, chefe da monitorização climática do NOAA (sigla em inglês para Administração Oceânica Atmosférica Nacional).
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