Foram os versos de Geraldo Vandré, entoados na voz rouca de Chorão, do Charlie Brown Jr, que embalaram a façanha do Pelotas, primeiro time a vencer o Grêmio no Olímpico desde setembro de 2008: “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer.”

Pra não Dizer que não Falei das Flores é o hino do elenco do Pelotas desde o empate em 2 a 2 com o Internacional, também em Porto Alegre. Irregular na Taça Fábio Koff, o Lobão não podia mais esperar. Tinha de fazer acontecer. E fez. Seguiu sem perder e obteve a vaga nas quartas de final no empate em 1 a 1 diante do São José, com um gol de Sandro Sotilli aos 46 minutos do segundo tempo.

Na quinta-feira, a música tocou no vestiário dos visitantes do Olímpico. Foi a trilha do vídeo montado pela comissão técnica com imagens da campanha no Gauchão. Gols, defesas, comemorações, além de textos e vídeos enviados por torcedores via Orkut e Twitter.

O recado do técnico Beto Almeida foi claro: se esperasse o mandante, invicto havia 51 jogos em casa, o Pelotas engordaria as estatísticas. A direção ajudou: prometeu ao grupo R$ 20 mil de premiação em caso de classificação. Poderia ser nos pênaltis, como anunciavam as previsões mais otimistas.

A derrota por 3 a 2 na estreia do Gauchão, após estar vencedor por 2 a 0, dava motivos para ter confiança.

– Ficou um gosto amargo, mas conseguimos mapear os defeitos e virtudes do Grêmio – reconhece Sandro Sotilli.

Responsável por outra quebra de invencibilidade tricolor, em 2007, quando dirigia o Esportivo, o técnico Beto Almeida cobrou no intervalo o vacilo no gol de Maylson aos 47 minutos, mas nada de xingamentos. Deu quatro minutos para os jogadores discutirem, externarem a decepção. Depois, elogiou a atuação do time e, antes de retornar, profetizou:

– Esse jogo ainda vai ser nosso.

Virou para 2 a 1. Amanhã, às 16h, visita o São José na semifinal. Inspirado por Geraldo Vandré, vai atrás da vaga na decisão.