| 22/10/2009 07h11min
Torcer é acompanhar o time, vibrar, descabelar-se (ou perder cabelo), chorar, rir, etc... enfim, um universo de emoções que o futebol proporciona. Ser fanático é sentir tudo isso e fazer mais um pouco: loucuras! O clicEsportes começa aqui a série contando histórias de torcedores do Grêmio e do Inter que fizeram alguma loucura para ver o time de perto, acompanhar no momento decisivo. No caso das primeiras histórias, abrindo mão da saúde no caso da colorada, e torrando a conta bancária no relato gremista.
E sinta-se convidado a contar para o clicEsportes a loucura que você já fez pelo seu time. Envie a sua história para esportes@clicRBS.com.br . Não esqueça de inserir dados como nome completo, idade, ocupação/profissão e um telefone de contato. A sua história pode ser publicada aqui e até mesmo virar charge, como as que estão abaixo:
Clique na imagem e confira a charge animada
Começou a passar mal do estômago na véspera da final da Libertadores de 2006. Todos diziam que era uma virose ou algum problema com a água, mas Aline sabia: era nervosismo de quem estava a poucas horas de participar de um momento histórico. No dia do jogo, 16 de agosto, mal conseguia caminhar. Por isso, à tarde, foi ao hospital para fazer soro. Lá, pensava na promessa que havia feito ao namorado e aos amigos, de chegar mais cedo para guardar lugar. Eram 15h30min e o enorme recipiente demorava muito para se esvaziavar. Então, ela pediu para ir até a recepção e foi embora. "Fugiu" direto para o estádio, para espanto do taxista.
– Ele não acreditava. Até me perguntou se eu trabalhava lá – ri a colorada.
Aline chegou ao Beira-Rio e foi direto para a fila. Cerca de seis horas antes do início do jogo, postou-se na rampa da arquibancada superior e ficou ali, esperando a abertura dos portões, que ainda demoraria aproximadamente três horas. A cena de uma moça, no meio da torcida, segurando o soro com a mão levantada para que o líquido continuasse entrando pelo outro braço, comoveu um vendedor de bebidas. O homem emprestou para ela um carrinho de carregar gelo. Assim, ela pôde sentar no lugar do isopor e pendurar o soro no puxador do carrinho, e passou a esperar em situação um pouco mais confortável. Quando o soro acabou, Aline tirou a seringa hospitalar do braço e colocou no lugar o esparadrapo que uma senhora que estava na fila foi buscar para ela.
– Também chovia muito, mas nada importava. No Beira-Rio, eu me sentia em casa e protegida. Lá minha dor até passou. Minha mãe ficou furiosa quando soube de tudo, mas acho que hoje ela me entende...
Aline entrou no estádio e assistiu à partida, firme e forte. O Inter jogou, foi campeão e então... ela desmaiou. O esforço havia sido demais. Assim, não conseguiu ver os jogadores levantando a taça. Mas tudo bem, a façanha já estava realizada, tanto a do time quanto a da brava torcedora.
Rogério Dalcin, analista de suporte, 35 anos
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Seguindo o lema "com o Grêmio, onde o Grêmio estiver", todo e qualquer tricolor queria embarcar para o outro lado do mundo para apoiar o time de Felipão no fim de novembro de 1995. Na ocasião, o bi da Libertadores da América deu o direito de disputar o Mundial Interclubes contra o Ajax, considerado "bicho-papão" e que vinha de uma longa sequência de invencibilidade. O que fazer então para descolar uma viagem de cerca de US$ 5 mil até Tóquio quando se tem 18 anos? Vender o que está ao alcance.
– Vendi os computadores que eu tinha, dois videogames e até o carro. Só não consegui vender a mãe – brinca Dalcin.
Mesmo com os bens sendo convertidos em fundos para a sonhada viagem, a família estava descrente de que o gremista iria realmente embarcar para o Japão só para ver a final entre Grêmio e Ajax:
– Ninguém lá em casa acreditou que eu ia para o Japão. Até que um dia antes da viagem eu apareci com as passagens – relata o torcedor, que pediu férias no lugar onde trabalhava na época.
O resto da história em campo é conhecido. O Grêmio segurou o Ajax no tempo normal, levou o jogo pra prorrogação no 0 a 0, mesmo com Rivarola expulso ainda no primeiro tempo, mas acabou perdendo o título nos pênaltis para o time holandês. Fora a frustração da derrota na briga pelo bi mundial, Rogério Dalcin teve que tocar a vida com os bolsos zerados. Ou melhor, no negativo:
– Fiquei um ano endividado. Hoje tenho tudo de volta. Mas foi loucura ter vendido tudo que tinha – finalizou.
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