| 25/09/2008 03h20min
Era maio de 2004, quando o então presidente Fernando Carvalho, do Inter, tomou um táxi no aeroporto e dirigiu-se até o centro de Buenos Aires. Teria um encontro com dirigentes do clube Quilmes para contratar o zagueiro Herbella.
Conversou com o motorista, disse ser presidente do Inter, e ficou surpreso com a reação do motorista: — Não conheço o Inter. Quilmes, sim. Inter não sei quem é.
Passados quatro anos, com as conquistas da Libertadores, do Mundial e da Recopa, certamente o taxista não faria hoje o mesmo comentário.
— Desde 2006 somos de outra turma — afirma Carvalho. — Todos nos conheciam nos anos 70 e, depois, passamos um bom tempo apagados. Agora, ressurgimos com mais força do que nunca. Hoje, o Inter é conhecido no mundo.
É esse Inter, com cartaz de campeão mundial, que enfrenta hoje, às 22h15min (horário de Brasília), o Universidad Católica, em jogo de ida das oitavas-de-final da Copa Sul-Americana. O
prestígio ficou evidente no desembarque da
delegação em Santiago, no Chile.
Cerca de 20 jornalistas chilenos aguardavam para entrevistar os jogadores. Estrela do grupo, D’Alessandro foi o mais procurado pelos repórteres — Guiñazu, pela língua, e Gustavo Nery, por ter enfrentado o La Católica em 2006 com o Corinthians, também foram requisitados.
— Para nós, chilenos, desde o Mundial de 2006 o Inter deixou de ser o “time do Figueroa”. Virou uma das grandes forças da América — diz o repórter da TVN Fabián Morales.
— Um clube brasileiro que contrata um jogador de seleção argentina merece ser tratado como um dos maiores do mundo — comenta o comerciante David Suarez, torcedor do Colo Colo e que hoje empresta sua torcida para o Inter.
Aos 61 anos, e vivendo na praia de Los Giménez, em Valparaíso, o mito Elias Figueroa assistirá ao jogo ao lado da direção gaúcha. Torcedor colorado, o capitão do Brasileiro de 1975 vai além da opinião do
jornalista:
— Mais que respeitado, o Inter voltou a ser
temido. Isso é ótimo porque o clube cresceu e atingiu um nível que jamais havia alcançado antes.
Figueroa lembra ainda que desde 2004 o Inter vem disputando torneios internacionais, tendo conquistado quatro títulos (Libertadores, Mundial, Recopa e Dubai) em três temporadas, o que dá ao clube uma grande visibilidade internacional.
— É por tudo isso que queremos conquistar a Copa Sul-Americana: para manter o Inter na vitrine. Estou no Inter desde 2003, vivi essa transição, e te digo: é muito bom jogar em um campeão mundial — salienta Edinho.
Embora jamais tenha quantificado o valor da “marca Inter”, o vice de marketing do clube, Jorge Avancini, destaca que os títulos de 2006 trouxeram novos negócios e o segundo maior quadro social da América Latina. Com 79.500 sócios, o Inter só perde para o River Plate, com seus 83 mil associados.
— Nesse ano chegamos a recusar ofertas de torneios no Caribe e na Europa, por falta de
calendário. Já nos consolidamos nos mercados árabe
e asiático. Em breve, seremos mais de 6 milhões de torcedores — projeta Avancini.
Definitivamente, o Inter vive outros tempos.
Vinte jornalistas foram ao aeroporto de Santiago entrevistar os jogadores. D’Alessandro (foto) e Guiñazu foram os mais procurados
Foto:
Leandro Behs
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