| 24/09/2008 03h14min
Amanhã será definido o dono do apito no Gre-Nal. Mas hoje o presidente da Comissão de Arbitragem da CBF, Sérgio Corrêa da Silva, se reunirá com seus dois conselheiros — o gaúcho Luiz Cunha Martins e o baiano Manoel Serapião — e decidirá se designa dois gaúchos para o sorteio do clássico.
Se isso ocorrer, a escolha ficará entre Leonardo Gaciba e Leandro Vuaden. Carlos Simon está na Suíça, em um curso da Fifa. A previsão é de que retorne somente no sábado à noite.
Os árbitros gaúchos entraram na pauta do Gre-Nal depois que o diretor de futebol do Grêmio, André Krieger, pediu juiz local no domingo. Gaciba foi eleito nos três últimos anos o melhor do Brasileirão. Vuaden brilha em 2008 e é incensado pelo estilo europeu, de assinalar poucas faltas e deixar o jogo correr.
Entrevista: Leandro Vuaden, árbitro de Estrela
Zero Hora — Como você encara o pedido do Grêmio por árbitro gaúcho
no clássico?
Leandro Vuaden — O pedido foi
para a Comissão de Arbitragem. Mas, a partir do momento em que se ventila essa possibilidade, requer a minha atenção. Eu, como gaúcho, quero apitar o Gre-Nal. Vamos esperar até quinta.
ZH — Você se incomoda com o pedido do Grêmio?
Vuaden – Não, valoriza o que há de bom aqui. Respeito a opinião quando sugerem árbitro de fora.
ZH — Dirigente deve se meter em arbitragem?
Vuaden — Quando é questionado pela imprensa, o dirigente se manifestará. Isso não interfere.
ZH — Como não ser condicionado pelo ambiente?
Vuaden — Estou vacinado e há 10 anos na luta. Claro que o Gre-Nal é diferente, requer mais atenção. Acompanho tudo o que é veiculado desde domingo à noite. É bom estar a par.
ZH — Os torcedores passaram a incomodá-lo depois da
indicação?
Vuaden – Desde ontem (segunda-feira), o pessoal pede uma força. Mas levo na boa. Se não aceito interferência de
dirigente, não aceito da torcida.
ZH — Dá para manter a rotina, como ir ao supermercado?
Vuaden — Dá, mas até sexta à tarde. É bom destinar o sábado para se concentrar e se reunir com os auxiliares. Fiz isso na semifinal do Gauchão.
ZH — Qual sua decisão mais polêmica em Gre-Nais?
Vuaden — Fiz um Gre-Nal só, a decisão de 2006. Graças a Deus, não tivemos nenhuma polêmica.
ZH — Há cobrança após o jogo?
Vuaden — A corneta, encaramos na boa. Se for séria, viro e vou embora.
Entrevista: Leonardo Gaciba, árbitro dono de academia na Capital
Zero Hora — Como você encara o pedido do Grêmio por árbitro gaúcho no clássico?
Leonardo Gaciba — Estou preparado para qualquer
jogo. Quem indica é a CBF. Na quinta-feira, olharei o site da entidade lá do Uruguai (apita Defensor Sporting x River Plate, em Montevidéu, pela Sul-Americana) e verei
meu destino.
ZH — Você se incomoda com o pedido do Grêmio?
Gaciba – Isso é preocupação de diretor. Cumprimos o que for assinalado pela comissão.
ZH — Dirigente deve se meter em arbitragem?
Gaciba – Ele deve defender os direitos do clube. Não vejo problema. Vivemos em uma democracia.
ZH — Como não ser condicionado pelo ambiente?
Gaciba — Estou no futebol há 19 anos. Para mim é tranqüilo trabalhar em Gre-Nal.
ZH — Os torcedores passaram a incomodá-lo depois da indicação?
Gaciba – Não, as pessoas respeitam. Lógico que tem brincadeiras. Se fosse atender os pedidos do último Gre-Nal, haveria 5 mil pênaltis.
ZH — Dá para manter a rotina, como ir ao
supermercado?
Gaciba — Tenho que abrir a minha academia (Gaciba Fitness, na Zona Norte). A vantagem em relação ao Gre-Nal é que não preciso viajar, tenho um dia a mais para
trabalhar.
ZH — Qual sua decisão mais polêmica em Gre-Nais?
Gaciba —Tenho 700 e poucos jogos, não posso falar de um jogada específica. É fazer propaganda contra.
ZH — E após o clássico? Há muita cobrança dos torcedores?
Gaciba — Eles cumprimentam se você foi bem e mostram confiança na arbitragem gaúcha. É um momento bacana nesse aspecto.
O gaúcho de fora
Entrevista: Evandro Roman, árbitro do Paraná
Gaúcho nascido em Erval Grande, próximo a Erechim, Evandro Roman mudou-se para Cascavel aos quatro anos. Pela Federação Paranaense, chegou ao quadro da Fifa. Coordenador do curso de educação física da Universidade Assis Gurgacz.
Roman surge como alternativa para apitar o Gre-Nal caso a Comissão de Arbitragem decida-se por um juiz de fora do Estado.
Segundo especialistas, seria favorito a ir ao sorteio junto com o também paranaense Heber Roberto Lopes porque os paulistas e os mineiros
estariam vetados pela disputa do Grêmio com Palmeiras e Cruzeiro.
ZH — Como você encara o pedido do Grêmio por arbitragem gaúcha?
Roman — Falar em árbitro do Rio Grande do Sul é redundância em função da qualidade que existe aí. Quando há uma valorização dentro do seu Estado, é muito bom. Agora há uma situação que ocorre não apenas no Rio Grande do Sul. Nos Estaduais, os árbitros locais não servem e exigem juízes de fora. No Brasileiro, tudo se inverte.
ZH — Há influência devido a indicação de dirigentes?
Roman — Não. Porém, não vejo como algo benéfico. A comissão está aí com a sua imparcialidade para decidir. Se dá o direito a um, daqui a pouco tem de ceder para um segundo, um terceiro.
ZH —O ambiente condiciona o árbitro?
Roman — Vai haver um Atletiba (Atlético-PR x Coritiba) aqui e
não faço questão nenhuma de apitar. Não quero. Para mim é muito mais tranqüilo chegar ao local desprovido de
qualquer pressão, apitar segundo os meus critérios e depois do jogo pegar minha mala e ir embora. O árbitro não sofre com os blábláblás uma semana antes e outra depois.
ZH — Já apitou um Gre-Nal?
Roman — Não, fiz vários clássicos paulistas, cariocas, tenho três Atlético-MG x Cruzeiro e oito Atletibas. Tudo tem seu tempo. Entrei no quadro da Fifa agora, estou com 35 anos, tenho mais uns 10 anos de carreira.
ZH — Mas e se caísse no sorteio da próxima rodada?
Roman — Sem problema algum. O Gre-Nal é um dos clássicos nos quais gostaria de trabalhar.
Gaciba administra sua academia na Zona Norte da Capital e só pensará no Gre-Nal depois de apitar amanhã no Uruguai
Foto:
Daniel Marenco
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