| 18/09/2008 06h14min
D’Alessandro completa hoje 50 dias no Inter e já se sente em casa na Capital. Consegue se localizar na cidade e se desloca sozinho por alguns poucos lugares. Mas não espere encontrá-lo circulando por aí.
As raras entrevistas são apenas pequena amostra do quanto é reservado. Ontem, ao ser questionado se gostou da cidade, D’Alessandro respondeu que sim. Indagado sobre a região escolhida para morar, ele recuou:
— Não gosto de falar da minha vida pessoal. Só falo de futebol.
A preocupação com a família é evidenciada na escolha do apartamento na Capital. Nos 20 dias em que se instalou no Hotel Sheraton, deixou claro para o empresário Fernando Otto que buscava um lugar com segurança e área de lazer para a mulher, Erika, e os filhos pequenos — Martina, 2 anos e meio, e o recém-chegado Santín, de quatro meses.
Encantou-se com o condomínio onde reside o compatriota Guiñazu e foi morar lá. Como foi convocado para a seleção
logo depois da mudança, ainda não teve tempo de matear
com o volante, programa típico de argentino.
— Somos muito unidos. Assim que der, nos reuniremos — promete Guiñazu.
Com a discrição como característica, D’Alessandro, evita lugares públicos. Quando circula por algum ponto movimentado, é solícito. Um exemplo é o assédio sofrido em 30 de junho, quando desembarcou em Porto Alegre e foi assistir à derrota de 1 a 0 do Inter para o Santos, no Beira-Rio. Nos camarotes do estádio, o jogador assinou mais de duas dezenas de camisas e bonés.
– Ele é um cara reservado. Não só para imprensa, em tudo. No máximo vai comer uma pizza com a família e deu. Gosta de ficar em casa – explica Otto.
Um dos lugares mais visitados foi a pizzaria À Lenha, no Bairro Moinhos de Vento. D’Alessandro freqüentava o local com freqüência devido à proximidade com o Sheraton. Para matar a saudade dos assados argentinos, ele degusta picanhas e costelas na churrascaria Na Brasa da Rua Ramiro Barcellos. Mas os
passeios gastronômicos ficaram raros depois da
mudança para o Bairro Três Figueiras. Até porque devido à proximidade com Buenos Aires, os familiares vêm sempre visitá-lo.
– Os pais dele já estiveram três vezes aqui em Porto Alegre – conta Otto.
Além de estar adaptado ao Estado, a transferência para o Inter trouxe sorte a D’Alessandro. Jogou apenas seis partidas e voltou a ser convocado para a seleção depois de um ano e meio. Mesmo que tenha ficado de fora até do banco de reservas nos jogos contra Paraguai e Peru, o meia ficou feliz por voltar ao grupo de elite da Argentina e reencontrar companheiros como Tevez, parceiro na conquista do ouro olímpico em Atenas/2004.
Na volta da seleção, D’Alessandro marcou seu primeiro gol pelo Inter. Entrosado no clube, ele se solta mais quando está entre os companheiros:
– Perguntei hoje (ontem) mesmo se ele tinha gostado da cidade. Ele disse que estava adaptado – conta Marcão, que ontem lhe deu carona.
O amigo
Taison
Na primeira vez em que viu o Inter jogar,
D’Alessandro perguntou para quem estava ao lado no camarote:
— Quem são o 6 (Marcão) e o 7 (Taison)?
Taison e D’Alessandro viraram amigos. O meia dividiu o quarto com Ricardo na primeira concentração. Mas pediu para ficar com Taison, com quem joga — e quase sempre ganha — videogame. O argentino conta para o amigo como é a vida na Europa.
— Ele me passa experiência. Diz que tenho de aprender a marcar e que não posso ficar brabo nunca — conta Taison.
Em vez do Rio da Prata, que banha Buenos Aires, o Guaíba: o argentino evita falar de sua vida pessoal e se limita a dizer que está gostando de Porto Alegre
Foto:
Valdir Friolin
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